25 janeiro 2010

Os Dez Mandamentos de um Bom Coordenador

1) Ter visão do objetivo do grupo

Um bom coordenador de grupo de jovens deve ter visão do objetivo do grupo e saber em que direção deve caminhar e, ao mesmo tempo, continuar aprofundando seus conhecimentos, através de cursos e leituras.

2) Entender a metodologia

Tem uma metodologia de trabalho que faz com que os outro descubram as pistas concretas para chegar ao objetivo previsto. Não é imediatista. É paciente. Entende que o processo de reflexão /ação, teoria/práxis é um processo lento.

3) Saber conduzir uma reunião

O coordenador deve cuidar para que o grupo não se desvie do tema da reunião, para não desperdiçar tempo. Ele/ela faz um trabalho de “saca – rolha”: procura tirar as idéias dos participantes, levando-os e descobrir os melhores caminhos e a tirar as suas próprias conclusões.

Ele/ela aprendeu a arte de fazer perguntas, como Jesus fazia. Muitas vezes, nos Evangelhos, Jesus fazia questão de não dar uma solução pronta, mas devolvia a pergunta aos seus interrogados, para que pudessem descobri por si. O coordenador sabe manter silêncio, mesmo quando enxerga as soluções que não são percebidas pelos outros. Assim, ele/ela não mata a discussão. Guarda os “cartuchos” para o fim, falando depois dos outros.

Normalmente ele/ela deve ter uma visão mais ampla do que os outros elementos do grupo e, portanto, tem um cabide na cabeça para pendurar as perguntas que despertam para uma consciência crítica. O cabide o ajuda também, a devolver aos participantes as sua próprias idéias, de maneira sistematizada e sintetizada, para que o grupo possa dar um passo adiante. Para facilitar este trabalho, o coordenador anota palavras ou frases que fazem lembrar as idéias mais importantes que surgiram no grupo.

O coordenador também deve usar dinâmicas variadas.

4) Ser bom cobrador

Uma das funções principais do coordenador é a de cobrar funções e ações decididas pelo grupo, e não fazer a coisas que os outros podem fazer. A cobrança desperta o senso de responsabilidade e faz com que os jovens levem a sério as decisões que eles mesmos tomaram. Valoriza os passos dados.

5) Saber controlar o tempo

O coordenador cronometra antes, as diferentes partes da reunião e procura a risca essa divisão do tempo. Deve-se prorrogar o tempo só quando o grupo todo pedir.

O coordenador da exemplo de pontualidade. A reunião deve começar na hora marcada, mesmo com a presença de dois ou três membros. A falta de pontualidade é um desrespeito para com os outros. A insistência na pontualidade cria um ambiente de seriedade e responsabilidade. Caso o coordenador não possa comparecer, precisa indicar um substituto.

6) Ter boa capacidade de organização

O coordenador deve ter a capacidade de organizar bem a pastoral para que haja planejamento, acompanhamento e avaliação crítica, mas sem cair num sistema burocrático. Ele nunca trabalha sozinho, mas sempre em equipe: As decisões são tomadas em conjunto, as funções são distribuídas e cobradas. A avaliação deve ser preparada para que não se fique no geral, para que se possa chegar a decisões concretas e sentir o avanço do grupo. Não cair no erro de queimar etapas e tem bom senso e paciência histórica.

Saber despertar novas lideranças

O coordenador deve ter a capacidade de colocar o jovem certo na função certa. Precisa desenvolver a capacidade de perceber os diferentes talentos dos jovens do seu grupo e coloca-los em situações onde possam desenvolver seus talentos e, assim despertar novas lideranças.

Dar testemunho de vida coerente

Ele arrasta os outros mais pelo exemplo de vida que pelos conhecimentos teóricos, não aceitando ditado popular: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Trata-se de alguém que entende que a preparação mais importante para coordenar um grupo deve acontecer dentro dele mesmo. Deve estar em sintonia com ele mesmo para saber porque fala e faz certas coisas. Com autoconhecimento que adquire, através de uma interiorização constante, tem mais capacidade de aceitar os outros como são.

Ter empatia

O coordenador deve ter empatia para com os membros do grupo. Deve sentir quando alguns estão deixados de lado e não estão participando Os jovens vão se interessar pelo grupo na medida em que participarem e se sentirem valorizados. Quando o coordenador não tem essa sensibilidade, domina demais o grupo e dá uma de ‘professor’ na reunião.

Os bates – papos informais antes da reunião são muito importantes. Quando o coordenador quer realmente bem ao grupo e se interessa por ele, o grupo caminha.

Ser entusiasmado

O coordenador deve ser uma pessoa animada para que o grupo também se entusiasme. O entusiasmo é como uma doença contagiosa. Quem entra em contato com ele, pega. O contrário também é verdade. Um coordenador desanimado e negativo é como um coveiro cavando a cova para o seu grupo.

PERGUNTAS PARA A REUNIÃO DE GRUPO

  1. Numa escala de um a dez coloque em ordem de importância os “dez mandamentos” acima e discuta e grupo os motivos que incentivaram você a organizá-los desta maneira.

  2. Como podemos melhorar nossas coordenações?

24 janeiro 2010

Que passos dar ao acompanhamento aos jovens?

Passa sempre pelas nossas cabeças, a questão prática de como fazer um acompanhamento concreto aos jovens. Se tomarmos o Projeto Rumo ao Novo Milênio, observaremos estes passos pedagógicos:

  1. Servir - A atitude primeira é ir ao encontro de tantos adolescentes e jovens da comunidade em vista de servi-los. Trata-se da mesma atitude de Jesus: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). Quantos serviços não estão exigindo o mundo juvenil: promover atividades esportivas e de lazer, cursos de formação profissional, campanhas de solidariedade com os portadores do vírus HIV, defesas dos jovens que estão sendo exterminados em chacinas.

  2. Dialogar - Nestes eventos, quantas oportunidades temos de escutá-los em sua dor! Seja de um corpo novo que está se formando, seja no que tange a relação com os pais e outros adultos da comunidade, nas suas afirmações muitas vezes sem fundamentação mas cheias de razoes pessoais e desejos de participar e pensar com categorias próprias... Estes exercícios poderão ajudar a superar a solidão que experimentam nesta fase, comum a todo ser humano.

  3. Anunciar - Jesus Cristo relacionou-se e fez amigos, construiu grupos de companheiros, teve um projeto concreto com opções bem definidas dentro do tempo e da cultura em que viveu. Trata-se, aqui, de anunciar um Jesus que rompeu com modelos, que não geravam vida, que desafiou os poderosos apontando o caminho da verdadeira vida, não o caminho da lei.

  4. Comungar - Como Jesus fez, necessário é formar grupos, partindo e aproveitando os dons que cada jovem apresenta no campo das artes, do teatro, da dança, da música... e de tantos outros campos que os próprios jovens podem sugerir. Isso para que eles possam viver a experiência de comunidade e, depois, por causa desta experiência, consigam ser Igreja, “participação e comunhão”.

  5. Testemunhar - “Sal e Luz” é o desejo de Jesus para todos os cristãos. Será, pois, esta a missão destes jovens no meio dos jovens: na escola, no trabalho, na igreja, no lazer... Como afirmou o Papa Paulo VI, “o melhor apostolo do jovem é o outro jovem”. Eles serão testemunha do Deus da vida, deste Deus humano e sensível que “armou sua tenda no meio de nós” e que expressa seu desejo maior: “que todos tenham vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10).

Não há receitas para o trabalho com a juventude. O essencial é desejar que eles superem a nós e os nossos limites. Dolorosa será a nossa tarefa de suportar que “ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30). Não poderá ser diferente se quisermos se fiéis ao evangelho.

Jesus foi esperto e já nos deixou o mapa, caso a gente queira segui-lo: “tome a sua cruz de cada dia e siga-me” (Mc 8,34). Penso ser alguns destes nossos desafios como Pastoral da Juventude.

Afinal que outros desafios temo? Como podemos superá-los?

Tipos de coordenador

Assessoria não é Coordenação

Nem todos os grupos têm uma pessoa adulta e preparada que acompanha o grupo como seu assessor. Um assessor esclarecido é bênção para o grupo. Contudo um grupo pode temporariamente ir em frente sem assessorar. Mas não vai em frente sem coordenador. É característica dos grupos serem coordenados pelos próprios jovens. É bom que seja assim. Quem coordena os grupos presta serviços aos grupos. É alguém que recebeu alguns dons especiais de Deus e que a comunidade, o grupo o elege para COORDENAR o grupo. O poder como Jesus indica deve ser usado para servir e não como os príncipes deste mundo para dominar os outros.

Percebemos o quanto a coordenação é importante para que o grupo caminhe, atinja seu objetivo e cumpra seu plano. O sucesso do grupo depende em grande parte da capacidade e dedicação do coordenador. Porém, nem todos os tipos de coordenadores facilitam o crescimento dos membros. Uma compreensão dos diferentes tipos de coordenadores nos ajuda a evitar certas armadilhas.

A. Coordenador ditatorial

O ditador não se importa com o que seus subordinados pensam. Todos os elementos do grupo dependem exclusivamente do "ditador", que possui autoridade máxima. Os membros são meros "executores" das ordens da autoridade. Às vezes, o grupo ditatorial adota aparentes formas democráticas, mas na realidade as orientações que vem de cima. Neste tipo de grupo, os membros são apáticos e perdem todo o espírito de iniciativa e responsabilidade estão submetidos a fortes pressões afetivas e a guerrinhas entre si. Os grupos ditatoriais, embora aparentemente possam ter, em um primeiro tempo, maior eficácia na execução - dependendo da qualidade do líder - terminam dissolvendo-se ou caindo no mero formalismo.

Majestade!!!!


B. Coordenador paternalista

Na prática trata-se de um grupo ditatorial em que o líder é bom e representa a figura paterna. Todos dependem de seus "conselhos". Aqui, as pressões afetivas e, conseqüentemente, o sentimento ambivalente de amor - ódio, especialmente ao levantar-se nos membros o desejo de maior personalidade e iniciativa. Apesar das primeiras impressões serem diferentes, o ditador e o paternalista são bastante semelhantes. Nenhum deles vê com bons olhos o aparecimento de outros líderes. O coordenador paternalista às vezes é pior porque agarra seus seguidores emocionalmente. Os membros têm medo de magoar seu coordenador com críticas, afinal, "ele é tão bonzinho!". Por outro lado, é mais fácil perceber a má influência o dano causados pelo coordenador ditatorial.

Pode deixar pra mim, tá!


C. Coordenador Permissivo

O lema deste grupo de coordenadores é: "deixar como está para ver como fica". Em geral,este coordenador é uma pessoa muito insegura que tem receio de assumir responsabilidade. Ao contrário do ditatorial, que só dava ordens, o liberal não dá instrução alguma. Cada um de seus auxiliares faz o que quer e como bem entende. Na divisão de trabalho, na repartição das responsabilidades, a confusão é completa. A sua direção gera atritos e desorganização entre os membros. Une-se apenas uma ligação efetiva e certo desejo de conseguir um objetivo comum. Estes grupos tendem a dissolver-se ou a criar no grupo ditatorial para poder sobreviver.

Deixar fazer!


D. Coordenador Democrático

Este tipo de coordenador sabe que, com a ajuda do grupo, será mais fácil resolver os problemas. Respeita o homem e crê nele. Consegue a cooperação do grupo pela a sua competência, paciência, tolerância e honestidade de propósitos. Não dá ordens: dá o exemplo, estimulando em vez de ralhar. Toda a sua atenção está concentrada para o que o pessoal pensa. Sabe obter o máximo de produtividade por meio do máximo de vontade. Todos participam das atividades comum e têm idéia clara dos objetivos e meios para consegui-los. Há livre intercâmbio de idéias e discussão clara dos membros necessários para atuar. O grupo democrático permite uma autocrítica comum de todos os membros e aprofunda a consciência da responsabilidade de todos e de cada um nos objetivos comuns. Progressivamente vão aparecendo nos grupos os líderes naturais. O coordenador deve atrai-lo e formá-lo para a liderança. É um dos momentos mais delicados.

Grupo de jovens, uma boa idéia

A falta de tempo para conviver em grupo, o trabalho que deixa o jovem cansado e ocupado, a escola que ensina a ser individualista, a televisão que diz para não se importar com a vida do outro, são desafios para a nucleação e organização de grupos de jovens da Pastoral da Juventude.

Como responder positivamente a esta realidade? Como “ir contra a maré”, dizendo não à forma de viver que é imposta aos jovens pelo mundo dos adultos e suas instituições (a escola, a família, a televisão...)?

É preciso resgatar o jeito jovem de ser: alegre, que enfrenta riscos, utópicos, esperançosos... Características que o mundo está roubando dos jovens, através da imposição de um jeito de ser triste, descrente, fechado, individualista e consumista.

Como ser expressão desse novo jeito de ser? Como cultivar o carinho, o diálogo sincero, a amizade que ajude a amadurecer e ser feliz?

Quem sabe faz a hora...

Os grupos de jovens estão aí. São muitos. Muito maior ainda é o número de jovens que não estão participando de nenhuma organização ou movimento, dentro ou fora da Igreja.

Há jovens que se gastam no trabalho e sonham o sonho impossível, que os meios de comunicação e a propaganda colocam em suas cabeças para que acreditem - e se iludam - que o mundo pode ser feito de “charme, mordomias e luxo”.

Outros, gozam os privilégios de quem tem dinheiro, saúde, acesso à educação e tempo, desligados do alto preço que custam à sociedade, aos trabalhadores.

Há também aqueles que sabem que, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Buscam a realização de um sonho possível ou impossível, de uma sociedade justa que se faz à medida que arregaçam as mangas e se pôem a lutar.

Aí, talvez, reside o maior valor de um grupo de jovens. São jovens que não se conformam com as coisas do jeito que estão. “Desconfiam” que algo está errado e que é preciso juntar-se a outros jovens para mudar.

Em todo bairro, escola, trabalho, comunidade, se encontram jovens desejosos de fazer algo. São jovens que acreditam na amizade e na solidariedade e, por isso, estão dispostos a partilhar seu trabalho, suas forças.

São estes jovens que a Pastoral da Juventude procura descobrir, ajudando-os a se relacionarem de modo que, progresivamente, vão tendo consciência da necessidade do grupo de jovens.

O valor do grupo

Os grupos de base são grupos que se reúnem freqüentemente para a reflexão. Se comprometem na oração e ação. São grupos de vida, onde todos têm voz e vez. Cada grupo de jovens tem (e deve ter) sua própria maneira de ser. Não existe um modelo pronto, para ser copiado. O desenvolvimento das reuniões e encontros, por exemplo, possui características diversas em cada grupo, o que vai delineando a sua fisionomia.

Existem, porém, alguns elementos importantes para que ocorra crescimento no grupo. São elementos indispensáveis a todos os grupos de base, e que dão valor a este modelo de organização:

  • Um grupo de jovens é um grupo de amigos, unidos pela mesma fé

  • A amizade, o conhecimento interpessoal, a acolhida e a compreensão do outro só podem crescer em pequenos grupos.

  • A consciência e a participação só nascem onde cada um é importante, pode falar, escutar e dar a sua opinião.

  • As novas lideranças, capazes de intervir na Igreja e na sociedade, nascem e crescem nos grupos organizados, onde cada decisão e atividade é pensada e decidida coma opinião de todos.

  • A formação integral do jovem tem, no grupo de jovens, um espaço privilegiado.

  • No grupo, na comunidade, o jovem toma consciência de que a fé é mais do que apenas “ir à missa”. a espiritualidade do seguimento de Jesus, descobre, leva ao compromisso com os irmãos.

  • A ação planejada, no grupo de base, facilita a participação de todos.

É bonito ver o jovem que faz uma caminhada com o grupo, crescendo na fé, no relacionamento com o outro e consigo mesmo, na consciência crítica e na ação prática. Neste último aspecto, no entanto, acredito que precisamos ser mais criativos e ousados. Faltam aos grupos de jovens, ações concretas. É preciso dar um passo a mais. Descobrir “bandeiras de luta” que sejam atraentes e mobilizem os jovens, nas diferentes realidades em que vivem. Mãos à obra, com criatividade e coragem.

QUESTÕES PARA DEBATE

  1. Quais são as principais pressões que fazem com que o jovem se acomode?

  2. Como o jovem reage aos apelos dos individualismo e consumismo da nossa sociedade?

  3. Quais são os principais elementos indispensáveis para manter um grupo de jovens?

23 janeiro 2010

O Jovem cresce no Grupo

Além de amor e da opção pelos jovens,expressos em documentos da Igreja latino-americana, é necessário saber como convocar, reunir e o que fazer para que o grupo de jovens caminhe. O que pressupõe um jeito de trabalhar as várias etapas pelas quais passam os jovens e, que não podem ser queimadas. O ponto de partida são as necessidades sentidas no contato com a realidade.

O eixo da Pastoral da Juventude são os pequenos grupos de base. Estes grupos que criam laços, confrontam a vida com o evangelho e formam lideranças jovens para o engajamento na Igreja e na sociedade.

Esta foi a metodologia usada pelo próprio Jesus Cristo. Não deixando de trabalhar com a multidão, ele dedicou-se à formação dos discípulos, especialmente dos doze.


Pequenos grupos

O grupo de base (oito a 20 participantes) proporciona uma melhor participação, amizade e partilha de vida, incentiva o trabalho de cada um e favorece a formação integral do jovem. A formação acontece através de todas as atividades: trabalho, namoro, festa, estudo. Tudo tem que andar junto, contribuindo para o jovem crescer e ser feliz.

No grupo, há momentos em que os jovens gostam de falar de si, de sua família, do trabalho, da escola, do lazer. Depois já estão preocupados com a comunidade e seus problemas, no compromisso com a mudança da sociedade. Por isso, uma formação integral apresenta a necessidade de uma pedagogia que engloba a vida toda do jovem, que atenda:

  • a dimensão afetiva, ajudando a ser pessoa;

  • a dimensão social; integrando o jovem no grupo e na comunidade;

  • a dimensão espiritual, ajudando a crescer na fé;

  • a dimensão política, desenvolvendo o senso crítico e ajudando a tornar-se sujeito transformador da história;

  • a dimensão técnica, capacitando para a liderança, planejamento e organização participativos.

Etapas a percorrer

Para chegar a uma formação integral há que se percorrer etapas, dar passos numa caminhada que acontece no grupo e fora dele.

A primeira etapa é a “infância do grupo”. É a descoberta da própria situação e das relações entre as pessoas.

O grupo amadurece um pouco e chega à “adolescência”. Começa a olhar para fora e realiza a descoberta da comunidade, dos problemas sociais e da importância da organização.

A “juventude” do grupo acontece quando, aprofundando sua ação e reflexão, o jovem realiza a descoberta da sociedade e da dimensão política e social da fé, comprometendo-se com a transformação da sociedade.

A formação integral, educação na fé, é um processo que se desenvolve através da formação na ação. A própria ação deve criar a necessidade da busca de conteúdo.

O desafio está em construir uma pastoral de pequenos grupos e, ao mesmo tempo, a necessidade de momentos/encontros de massa, importantes na motivação, animação dos jovens e nucleação de novos grupos. A PJ não tem a pretensão de atingir todo mundo, mas quer ser fundamento de uma proposta de vida e esperança para os jovens.

É importante que os grupos de uma mesma paróquia, as paróquias de uma mesma área, as áreas de uma mesma diocese, as dioceses de um mesmo regional se encontrem para crescer juntos e construir uma Pastoral da Juventude organizada e ser testemunho de um novo jeito de viver e expressar a nossa fé.

QUESTÕES PARA DEBATE

  1. O que é preciso ser feito para começar bem um grupo de jovens?

  2. Quantos participantes deve ter um grupo para funcionar bem?

  3. Que pedagogia é adequada para quem trabalha com grupo de jovens? O que é precisa levar em conta?

  4. Para que servem os grupos de jovens? Os grupos são um espaço legal para os jovens?

Os 10 mandamentos do planejamento

Trata-se de algumas pistas para todos:

ESQUEÇA A BUROCRACIA – Planejar não é ir a reuniões chatas, em que a(o) catequista se sente como um carimbador de papéis ou simples ouvinte. O planejamento deve ser feito em conjunto com a equipe, deve ser dinâmico, participativo. Quem educa tem que ter espaço para criar.

CONHEÇA BEM DE PERTO OS JOVENS – Para planejar, é preciso conhecer as condições e os interesses dos jovens com as quais você trabalha. “Pergunte-se sempre : ‘O que meu amigo deve e pode aprender ?’ “, indica Marcos Lorieri, professor da PUC de São Paulo.

FAÇA TUDO OUTRA VEZ (E MAIS OUTRA) – O projeto catequético ( no nosso caso, o “Amarelinha”) é um documento pronto, que serve de base para o planejamento. Já o planejamento é um processo. Ele deve ser sempre alterado, de acordo com as necessidades da turma. Replanejar constantemente é fundamental.

ESTUDE MUITO PARA ESTUDAR BEM – “Uma pessoa só pode ensinar aquilo que sabe”, sentencia Marcos Lorieri. Por isso, veja se você conhece bem os assuntos de que vai tratar, se não souber tente aprender. Participe de todas as oportunidades de formação que você puder. Claro que também é preciso saber como ensinar ( e isso também se aprende ).

COLOQUE-SE NO LUGAR DO JOVEM – Quando pensar numa reunião, tente se colocar no lugar do jovem. Você deve saber se os temas trabalhados com a turma são importantes do ponto de vista do jovem.

DEFINA O QUE É MAIS IMPORTANTE – “Dificilmente será possível trabalhar todos os conteúdos com toda a turma”. Afirma Lorieri. Os critérios para estabelecer o que é mais importante ensinar devem ser as necessidades e as dificuldades dos catequizandos.

PESQUISE EM VÁRIAS FONTES – Todo encontro requer material de apoio. Reserve tempo para pesquisar. Busque informações em livros, jornais, revistas, discos, na Internet ou em qualquer fonte ligada a seu plano de trabalho, sem preconceitos.

USE DIFERENTES MÉTODOS DE TRABALHO – O educador deve aplicar diferentes métodos, como aulas expositivas, dinâmicas, atividades em grupo e pesquisas de campo. “Combinar várias formas de trabalho é a essência da arte de ensinar”, define Marcos Lorieri.

CONVERSE E PEÇA AJUDA – Seu coordenador e/ou assessor precisa ajudar você a planejar. Ele deve contribuir para que seu trabalho seja coerente com o projeto de juventude. Conversar e trocar experiências com os colegas da pastoral também é muito importante. Aproveite as reuniões e os encontros de formação.

ESCREVA, ESCREVA, ESCREVA – Uma boa idéia para analisar o que está ou não está dando certo em seu trabalho é comprar um caderno e anotar, no fim do dia, tudo o que você fez com sua turma, suas dúvidas e seus planos. Esse é um modo pratico de atualizar o planejamento.

15 janeiro 2010

Jovens catequistas

É bom ver tantos jovens catequistas querendo saber mais do que já sabem. É bom perceber que estão partindo para o estudo da fé e assumindo a missão de ensiná-la aos seus companheiros de idade.
  1. Jovens transmitindo o Evangelho aos outros jovensSe quiserem assumir o ministério da catequese para instruir seus colegas na fé, podem ter certeza que sofrerão pressões de todos os cantos. Se o fizerem por amor à Igreja e com desprendimento, chegarão à idade adulta com a paz de quem pensou o tempo todo em Jesus e na Igreja católica como um todo, mais do que em si mesmo ou no seu movimento. Catequista vai além do seu grupo e do seu movimento de Igreja. Não repercute apenas as ideias do seu grupo. Repercute as ideias da Igreja. Dele se espera mais cultura e mais abrangência.
  2. Alguém repercutiu para vocêsAlguém repercutiu para vocês (catechein quer dizer mais ou menos isso: repercutir) e vocês agora querem repercutir para outros que Jesus esteve aqui, foi para o Pai, mas continua conosco, se quisermos. E, o que é importante: de reconciliados estão se tornando reconciliadores. Não há catequese sem penitência e sem perdão.Vocês vieram aqui (e se tornaram catequistas), provavelmente, porque ouviram o grito do Papa João Paulo II: "Avancem para as águas mais profundas". O Papa está pedindo mais profundidade na Igreja. Talvez porque esteja vendo que em toda a parte há pessoas brincando de ser catequistas, sem nunca ter lido os documentos da Igreja, como Catequese Tradendae, Sacrossantum Concilium, Catequese com adultos, e alguns até sem terem lido o Catecismo da Igreja Católica - e há catequistas que nem sequer leram a Bíblia!
  3. Ser um instrumento ajustado e afinadoMuitos têm boa vontade, mas lhes falta entender o que fazem. Muitos fazem porque todo o mundo está fazendo. O Papa quer jovens e gente mais culta e mais profunda para dar catequese. Especialmente, os jovens que são tão curiosos e querem saber tanta coisa. Pois que saibam e conheçam melhor a sua Igreja. Catequista vive da boca que anuncia, mas antes precisa viver dos olhos que lêem e aprendem.Esses jovens devem mostrar a verdadeira face da Igreja.

Texto baseado no artigo "Catequistas que vão a fundo"do Pe. Zezinho

Verdades e fundamentos de nossa fé

DEUS

Em toda a história da humanidade o homem não cessa de buscar a Deus. Esta busca se dá através das orações, sacrifícios, cultos, meditações, ações, entre outras formas. Mas como podemos conhecer a Deus, se nunca O vimos?...


Podemos conhecer a Deus mediante Suas obras e mediante a nossa Fé. A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último de sua vida. Como podemos falar de Deus?

Nosso conhecimento de Deus é tão limitado, como também é limitada nossa a linguagem sobre Deus. Só podemos falar de Deus através das criaturas vivas ou dos recursos naturais que conhecemos, e segundo nosso modo humano limitado de conhecer e pensar.

De qualquer forma, temos que nos lembrar e ter sempre conosco, dentro de nossos corações, que todas as criaturas trazem em si uma certa semelhança com Deus. O homem guarda características tão dignas como a verdade, a bondade, a beleza, a caridade, o amor...Tais características não podem ter outro autor senão o Todo Poderoso. Todas estas características contemplam, portanto, o Seu Autor.
Assim como uma obra de arte reflete sempre, de alguma forma, o seu autor, também nos devemos refletir nosso Criador. "Sem o Criador a criatura se esvai".

Como entender Deus Criador?

Deus criou o mundo segundo Sua sabedoria. O mundo procede da vontade livre de Deus que quis fazer as criaturas participarem do Seu Ser, da Sua sabedoria e da sua bondade. Que haveria de extraordinário se Deus tivesse tirado o mundo de uma matéria preexistente? Quando se dá um material a um artesão, ele faz do material tudo o que quiser e souber. Se este fato confere a este artesão um lado criador, tanto mais será nada para criar tudo o que Sua Vontade e Sabedoria desejam. Deus parte do Nada e cria o mundo e dentro dele, o homem.

Uma vez que Deus pôde criar do nada, pode, através do Espírito Santo, dar vida da alma aos homens, com o objetivo de mantê-los sempre junto Dele, mas ao mesmo tempo, deixando o homem livre para escolher essa união. Já que pela sua palavra pôde fazer resplandecer a luz a partir das trevas, pode também dar a luz da , fé aquele que a desconhecem.

Dessa forma, a criação é uma obra querida por Deus como um dom que foi dirigido ao homem; como uma herança que lhe é destinada e confiada.

Entretanto, Deus transcende a criação, pois é infinitamente maior que todas as Suas obras. Por ser o Criador soberano e livre, causa primeira de tudo o que existe, Ele está presente no mais intimo das suas criaturas. Segundo as sábias e inspiradas palavras de Santo Agostinho: "Ele é maior do que aquilo que há de maior em mim e mais íntimo do que aquilo que há de mais intimo em mim".

Deus mantém e sustenta a criação, pois não abandona a sua criatura a ela mesma. Não somente lhe dá o ser e a existência, mas também a sustenta a todo instante e lhe dá o livre-arbítrio. Reconhecer esta dependência completa em relação ao Criador é uma fonte de sabedoria e liberdade, de alegria e confiança.

Os estudos sobre Deus (assuntos da Teologia) são elaborados considerando Deus na Unidade da Natureza e na Trindade das Pessoas.

Na Unidade da Natureza, o estudo de Deus é dividido em três partes: a Existência, a Essência e os Atributos. Cada uma destas características existem em Deus ao mesmo tempo e só foram separadas para serem melhor explicadas e compreendidas.

14 janeiro 2010

LUTO


A Equipe do Blog Catequese de Crisma está muito triste com tudo que aconteceu no Haiti
E lamenta muito a perda da nossa querida Dra. Zilda Arns, que tanto ajudou os pequeninos atráves da Pastoral da Criança!
Muitos dos nossos catequizandos foram ajudados por esta Pastoral!
Mas, como disse o nosso querido dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo e irmão da Dra. Zilda Arns, "ela agora está no coração de Deus"!!!

História da catequese

Século primeiro: do hino à narração

Neste primeiro século devido às características que estavam presentes no modo de catequizar dos primeiros cristãos, podemos dividi-lo em dois momentos. Primeiramente devemos ter em mente que os cristãos, em sua maioria vinham do Judaísmo, e tiveram contato pessoalmente com Jesus. Muito já sabiam sobre ele. Por isso até o ano 70 a catequese era feita de forma hinológica, ou seja, com forte orientação batismal e muito voltada para o alto: tendo Jesus como Senhor, ressuscitado, Juiz, que voltará logo. Também no ano 70 houve a destruição de Jerusalém e a diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus e Judeu-cristãos, ocasionando um maior contato com a cultura pagã. A 2ª e a 3ª gerações não viram e não tinham conhecimento profundo do messias, principalmente os pagãos. Então sentiram a necessidade de refletir mais um Jesus, também, histórico. Conseqüentemente a catequese toma uma nova característica: passa de hinológica para uma narrativa dos fatos da vida de Jesus. Foi justamente aí, neste contexto, que nasceram os evangelhos, que são o maior material catequético que um cristão pode ter....

Anos 100 a 400: o catecumenato (Batismo crisma e eucaristia).

Nos primórdios, as pessoas que queriam fazer parte do cristianismo precisavam fazer duas coisas: pedir o batismo e professar a fé no Cristo. Então logo esta pessoa era inserida no meio da comunidade como um membro ativo na Igreja. Porém dois acontecimentos mudaram, mais uma vez o rumo da catequese:
Primeiro: A diáspora: No ano 70 com a dispersão dos judeus e judeu-cristãos, os cristãos mantêm um maior contato com a cultura greco-romana, ocasionando muitas conversões de romanos e gregos ao cristianismo.
Segundo: A perseguição: O Império romano, liderado por Nero, persegue os neoconvertidos. Estas duas situações exigiam uma catequese muito bem fundamentada, para corresponder aos "ataques" referentes a doutrina dos apóstolos. Esta catequese teria como objetivo combater as heresias (desvios da fé em pontos essenciais). E também evitar que os cristãos capturados pelos romanos se tornassem apóstatas, negadores da fé.
Para combater esses problemas a catequese toma uma forma mais rigorosa e exigente. A partir daí surge o catecumenato: tratava-se de um período de três anos de preparação para o batismo. Refletindo profundamente o modo de vida dos cristãos, seus costumes, etc. Depois deste tempo era realizado uma espécie de escrutinho, se o candidato fosse aprovado, passava a ser um ouvinte-observador dos crentes. Depois de três anos um novo exame, que o tornava eleito para a preparação imediata para o batismo. Nesta "preparação imediata", recebia o creio e o pai nosso para o candidato estudar em oito dias depois. Quando, enfim, recebia o sacramento do batismo era chamado de Neófito, que quer dizer regenerado, recebia os sacramentos de iniciação: catequese mistagógica.
A responsabilidade de todo esse processo era de uma catequista, que em nome da comunidade, se encarregava não só da instrução religiosa mas também da verificação das mudanças de comportamento do candidato. Outra grande característica deste tempo é o surgimento de várias escolas de catequese, dentre as quais podemos destacar as mais famosas como a escola de Alexandria, no Egito; escola catequética de Cesária; e a escola de Antioquia, lugar onde os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez.(At 11, 26).

500 a 600: Início de uma nova fase

Neste tempo o Império romano começa a declinar devido a invasão dos bárbaros no ocidente. Até então a catequese era caracterizada por uma visão mais oriental, ou seja, sua doutrina fundamentava-se nos grandes Concílios: Nicéia e Constantinopla, esquecendo da realidade concreta. A causa de tudo isso era simplesmente uma ideologia reinante no oriente: tudo que é ligado ao corpo, ao material era ruim (gnosticismo), por isso suas reflexões teológicas estavam centradas num Cristo "Pantocrator" (rei todo poderoso). Esta invasão bárbara fez com que a Igreja voltasse a sua catequese para um Cristo mais histórico: o sofredor, crucificado, o pecado original, a liberdade de consciência, a eficácia e validade dos sacramentos. Começa então o declínio do catecumenato e o batismo de crianças torna-se uma prática comum.

600 a 1500: A cristandade

Depois da chegada dos bárbaros no Império romano o número de analfabetos aumenta, conseqüentemente a catequese sofre nova mudança: passa a ser muito mais reduzida à pregação. Além disso, por causa da união entre a Igreja e o estado, o cristianismo muito se consolidou. Então todos por medo ou por interesse tornam-se cristãos. Também neste tempo a Igreja adaptou e assimilou muitos costumes pagãos, cristianizando-os. Mais interessante ainda é vermos que não só a sociedade mas tudo era cristão: o tempo-- medido pelo sino da Igreja, a festa do santo (os nossos dias de semana) por exemplo, a arte-teatro, poesias, o canto gregoriano...Cresce a devoção e diminui a formação, esta que começava a ser responsabilidade dos pais e dos padrinhos.

A catequese na época moderna

Nesta época, entre 1550-1600, a Igreja ao ver a necessidade de muita formação para os leigos resolve elaborar grandes catecismos, os quais continham uma doutrina muito bem formulada e exata, que conseguiria suprir às necessidades da instrução dos fiéis. Dentre estes destacamos os seguintes catecismos:
De Lutero, em 1529.
O de são Pedro Canísio, no ano 1555. O de são Carlos Borromeu, em 1566 ( dedicado aos padres ). O de são Belarmino, em 1597 e muitos outros.
Depois do Concílio de Trento a Igreja adotou um catecismo em perguntas e respostas, o qual deveria ser memorizado pelos leigos para que assim permanecessem firmes na sua fé, rebatendo a doutrina protestante. A etapa do livrinho "o catecismo" durou quatro séculos.

Catequese como educação permanente na fé

No século 20 redescobriram na catequese a importância da iniciação cristã e o seu lugar na comunidade de fé. Depois do Concílio Vaticano II a Igreja mais uma vez passa por um processo de amadurecimento. Não mais se identifica com a sociedade. Volta a consciência de Igreja sinal, sacramento, luz, sal do mundo, Igreja comunidade de fé, de culto e de fraternidade. Para isso contribuíram os movimentos: *Bíblicos *Patrísticos (escritos dos padres da Igreja), *litúrgico, *querigmáticos (anúncio); as descobertas: da psicologia, da pedagogia e de outras ciências humanas como auxílio à catequese.

E a catequese começa a se concretizar em:

"Voltar o espírito da educação permanente da fé, para a participação e comunhão na comunidade de fé; voltar a iniciativa do catecumenato; voltar a dar importância as pequenas comunidades, lugar de consciência, ponto de partida para o testemunho no mundo; mostrar a necessidade de conversão e de compromisso no meio de uma comunidade cristã para a formação de um novo mundo". É por estes motivos que o objetivo da catequese é despertar nas pessoas a consciência de uma sociedade sólida e firme na fé. Uma sincera conversão e um compromisso com a comunidade par a transformação do mundo e a renovação da Igreja. João Paulo II recomenda aos Bispos:

"Que a preocupação de promover catequese ativa e eficaz não ceda nada frente a qualquer outra preocupação, seja ela qual for".

O símbolo da fé

A história do Credo

Todos os domingos ou em solenidades especiais, a Igreja convida os fiéis à proclamação do Credo durante a Missa. Literalmente, «credo» significa «creio». Esta oração tornou-se assim comummente conhecida por ser uma profissão-de-fé pública, pois quando alguém a recita anuncia a todos aquilo em que crê. De certo modo, o Credo é uma espécie de bilhete de identidade dos cristãos, uma vez que mostra aquilo em que acreditam, aquilo que deve ser essencial para cada crente.

O Credo é uma oração tão longa quanto antiga. A sua origem remonta ao início do cristianismo, mais precisamente aos próprios apóstolos de Cristo.

No início da nossa era, os discípulos de Jesus dedicaram-se de corpo e alma a cumprir a última missão que Este lhes confiou: ir e anunciar a todos os povos a boa notícia que Deus, por amor, nos salvou. Assim seguiram, por diversas regiões do mundo, chegando por vezes a terras longínquas. E por onde quer que passassem deixavam esta mensagem.

Diz a tradição da Igreja que, de forma a não se perderem nem se adulterarem as verdades essenciais do cristianismo, os apóstolos elaboraram um pequeno texto onde resumiram o essencial da fé cristã. Este texto ficou conhecido por Símbolo dos Apóstolos, pois a palavra «símbolo», em grego, significa «resumo». Ao longo dos séculos, esta profissão-de-fé dos apóstolos foi sendo usada pela Igreja, principalmente no ritual do baptismo. Era uma forma de relembrar as linhas-mestras da fé e impedir que surgissem heresias. O Símbolo dos Apóstolos passou a ser também conhecido como Credo, visto declarar categoricamente aquilo em que os cristãos acreditam.

No início do século iv, pela primeira vez na história, um imperador romano converteu-se ao cristianismo. Constantino I decidiu legalizar a sua nova religião sem, no entanto, proibir o culto aos deuses pagãos. No ano 325, este mesmo imperador convocou um concílio, o segundo da história da Igreja, para discutir algumas questões que andavam a dividir os cristãos. Este concílio teve lugar em Niceia, actualmente na Turquia. Nele participaram inúmeros representantes eclesiásticos, à excepção do Papa Silvestre I, que enviou apenas emissários.

Do concílio saiu uma nova redacção do texto do Credo, chamado Credo Niceno, mais alargada do que a usada até então. Esta nova fórmula surgiu com o objectivo de clarificar certos pontos, como resposta às heresias daquele tempo. Na prática, o Credo Niceno é um autêntico catecismo, pois encerra em si o essencial da fé cristã.

Mais tarde, no ano 381, em Constantinopla, houve um novo concílio onde se reafirmou a importância do Credo Niceno e se procedeu a uma pequena actualização do texto. A partir daqui, esta profissão-de-fé passou a ser conhecida por Credo Niceno-Constantinopolitano.

Este texto foi aceite por toda a Igreja e ainda hoje é usado por católicos, protestantes e ortodoxos, tendo apenas sofrido uma alteração que se revelou decisiva para a história do cristianismo.

Em 589, no III Concílio de Toledo, adicionou-se ao Credo a chamada cláusula filioque. Esta declarava o Espírito Santo como procedente do Pai e do Filho e não apenas do Pai através do Filho, como até então se dizia. A cláusula filioque gerou controvérsia dentro da Igreja e chegou até a ser proibida pelo Papa Leão III. Mesmo assim, continuou a ser usada e ficou até aos nossos dias.

A polémica, porém, foi maior do que se pensaria inicialmente e chegou a atingir grandes proporções com o Cisma do Oriente, que separou a Igreja Católica da Igreja Ortodoxa, no século ix. Apesar de não ter sido a principal causa deste cisma, foi sem dúvida uma das que mais influenciaram esta primeira separação dentro do cristianismo.

Por esta altura também o Credo passou a fazer parte da liturgia da Missa, pois até então era usado sobretudo no ritual do Baptismo.

ENCONTRO PERSEVERANÇA GINCANA BÍBLICA


  • Fitas com as cores das equipes (Verde e Azul)
1º Encontro:
Selecionar capítulos da bíblia para serem lidos no decorrer da semana de acordo com o tema trabalhado a escolha do catequista, formular Perguntas, será feito um passa ou repassa. Cada resposta certa valerá 20 pontos errada perde 20. (Sugestão Atos dos Ap. Cap. a escolha)

2º Encontro

  • Primeira dinâmica:
Montar o quebra cabeça que deverá formar a frase: Sem a luz de Deus Pai tudo fica fora do lugar.
Valor: 4 Pontos toda a frase,
Tempo: 5 Minutos

  • Segunda dinâmica:
Será sorteada para cada equipe uma parábola contada por Jesus que deverá ser encenada pela equipe.

Valor: 10 Pontos
Tempo: 10 minutos p/ preparar e 5 para encenar

  • Terceira dinâmica:
A equipe deverá apresentar em forma de mímica uma música relacionado a um fato bíblico
Será sorteada a musica para cada equipe.
Valor: 8 Pontos
Tempo: 10 Minutos

  • Quarta dinâmica:
Criar uma oração com o tema perseverar
Tempo: 20m.

Tarefas relâmpagos:
Trazer novos participantes cada novo participante valerá 2 Pontos
Trazer o pai ou a mãe valor 5 Pontos
Trazer um(a) tia(o) Vó ou Vô 3 Pontos
Tempo total (50m.)
3º encontro
Discutir sobre as dificuldades sentidos e valores encontrados no decorrer da gincana

13 janeiro 2010

O uso da Bíblia na catequese

"Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor. Luz para o meu caminho" (81119. 10s).

Costuma-se dizer que a Bíblia é o principal livro da catequese, a mais importante fonte do processo de evangelização. E isso é fácil de entender, pois sabemos que a Bíblia é para nós Palavra de Deus. Se na catequese o que se pretende é ajudar o catequizando a realizar o seu encontro com Deus, fica clara a importância da Palavra de Deus, por meio da qual se realiza esse encontro.

A catequese deve, portanto, ser centrada na Palavra de Deus. O catequizando deve aprender a escutar a Bíblia e deve ser incentivado a vivenciá-la. Por meio da Palavra, Deus se comunica conosco e nós nos comunicamos com Ele.

No entanto, o uso da Bíblia na catequese pode trazer algumas dificuldades. Por isso, damos algumas dicas.

1. QUANTO À LINGUAGEM BÍBLICA


As traduções da Bíblia, em geral, não empregam uma linguagem acessível a catequizandos e adolescentes. Às vezes, nem o adulto entende direito o vocabulário bíblico. E não só o vocabulário traz dificuldades, mas também certas noções históricas e certos costumes dos povos antigos, que entram como personagens das Escrituras, nem sempre serão facilmente compreensíveis.

Por outro lado, algumas versões da Bíblia para crianças deixam muito a desejar, pois desfiguram completamente certos textos. O desejável seria uma tradução que não desfigurasse tanto, mas apresentasse uma linguagem compreensível, de acordo com a idade dos catequizados.

Certos manuais adotam o costume de apresentar uma versão do texto bíblico numa linguagem apropriada à turma. Nesse caso é preferível
não ler o texto na Bíblia, mas no próprio manual. O importante, quando se fala do uso da Bíblia, não é estar com a Bíblia na mão, mas compreender sua mensagem. Certas expressões ou frases, que escapam totalmente do universo mental da criança, precisam ser, no mínimo, adaptadas e, às vezes, excluídas.

Quando se trabalha, no entanto, com adolescentes, jovens ou adultos, principalmente se eles já têm certa caminhada, é importante familiarizá-los com a Bíblia Sagrada. Nesse caso, o catequista incentivará a turma a adquirir a Bíblia – de preferência completa – e a levá-la para os encontros. E será preciso todo um cuidado para treinar o manuseio da Bíblia e para explicar aquilo que não se compreende à primeira vista. Nesse caso, depois de proclamar o texto, é preciso compreendê-lo, explicando seu vocabulário e seu sentido, para depois partilhá-lo e tirar dele conclusões.

Pensamos que qualquer texto bíblico pode ser traduzido de modo a ser compreendido por crianças de qualquer idade. Essa tradução, no entanto, deve ser feita por quem entende das Sagradas Escrituras. E por isso é favorável apresentar, no manual que serve de base para os encontros, uma versão de cada texto a ser usado, em linguagem acessível

2. QUANTO À SELEÇÃO DE TEXTOS

Apesar de a Bíblia ser um livro básico na catequese, o processo catequético não consiste num mero estudo dela. Do ponto de vista pedagógico, seria inconcebível na catequese – e ninguém pensa nisso – estudar a Bíblia do começo ao fim, seguindo seus esquemas históricos e canônicos.

A seleção de textos para cada encontro levará em consideração o conteúdo que se quer transmitir. A catequese é organizada a partir de certos conteúdos fundamentais no processo de evangelização. Primeiro, decidimos os conteúdos. Depois, procuramos a fundamentação bíblica. Os textos bíblicos servirão de base e suporte para a transmissão dos conteúdos.

Com isso, entendemos duas coisas:

1. Não se pode, na catequese, ler os livros bíblicos do começo ao fim, sem organizar os textos a partir dos conteúdos programados. Dizemos isso porque o catequista poderia ter a tentação de ir comentando textos bíblicos aleatoriamente, sem um programa de conteúdos. Não daria certo.

2. Não se pode também realizar aquele tipo de leitura bíblica, infelizmente comum em certos círculos de espiritualidade, em que se abre a Bíblia a esmo e se lê o primeiro texto que os olhos encontram, como se essa fosse a vontade de Deus para aquele momento. Isso é inconcebível não só na catequese, mas também fora dela. Fica parecendo uma tentativa de tirar sorte com a Bíblia, forçando Deus a revelar sua vontade na hora em que a gente quiser. É manipulação, como uma cartomante joga as cartas para descobrir a
“vontade dos astros”. Não é esse o caminho.

Os roteiros de catequese devem apresentar, como é costume, uma sugestão de texto bíblico que se encaixe dentro do assunto de cada encontro.


3. QUANTO À PROCLAMAÇÃO DOS TEXTOS

Um cuidado especial se deve ter ao proclamar um texto bíblico na catequese. Toda leitura deve ser bem-feita. Mas, se vamos ler um texto que traduz a Palavra de Deus diante do grupo, isso exige cuidados especiais.

Primeiro, é preciso preparar a turma para escutar a proclamação. É preciso criar um clima de silêncio e concentração. Se a turma estiver inquieta, nem adianta proclamar nada. Os ouvidos estarão ligados em outras coisas. Primeiro, faz-se silêncio. Depois, proclama-se o texto.

Outro cuidado importante é fazer, antes da proclamação, breve comentário a respeito do texto. O comentário desperta a curiosidade de quem vai ouvir e facilita a compreensão. É como se faz na liturgia: antes de proclamar o texto bíblico, um comentarista motiva a assembléia. Essa motivação faz com que o povo se ligue no que vai ser proclamado.

A postura também é importante. Talvez seja melhor o pessoal estar sentado. Mesmo que seja um texto do Evangelho, pode ser ouvido em pé. Mas catequese não é missa. Deve-se levar em conta que o encontro catequético costuma iniciar-se com todos em pé. Também a oração inicial costuma ser feita nesta posição. Então, quando chega a hora da Palavra, todos já querem se sentar. E essa é uma boa posição para se concentrar e ouvir atentamente.

Talvez o catequista, no entanto, ao ler, devesse ficar em pé diante de todos. Isso ajudaria até para que sua voz se tornasse mais fácil de ouvir. Seria um modo mais solene de proclamar o texto. E ainda produziria um efeito disciplinar melhor, já que, estando o catequista em posição de destaque diante da turma, os catequizandos são mais facilmente induzidos a respeitá-lo.

Por falar em voz, não se pode nunca esquecer que o texto bíblico deve ser proclamado com voz clara e boa dicção, respeitando a pontuação e caprichando na entonação. O tom da voz e a boa leitura são fundamentais para a compreensão do texto. Um texto lido, por exemplo, sem pontuação, torna-se incompreensível. Por isso, é preciso treinar a leitura com antecedência, compreendendo bem o sentido de cada frase.

A entonação da voz é outro ponto que exige cuidado. Entonação é o tom que a pessoa dá à voz, quando começa a ler. Durante a leitura, o tom de voz deveria mostrar naturalidade. A pessoa que está ouvindo deve ter a impressão de que o leitor está como que conversando. O segredo é a naturalidade. Normalmente, quando vamos ler, mudamos completamente a voz e começamos a “cantar” o texto, dando aqueles arrancos forçados na interrogação. Fica tão artificial! Não cante o texto. Proclame-o conversando. E use um volume de voz suficiente para que a leitura seja audível. Não é preciso gritar o texto. Mas também não se deve sussurrá-lo, como se fosse segredo.

É preciso lembrar ainda que há enorme diferença entre proclamar um texto e contar uma história. Na Pré-evangelização, como lidamos com crianças muito novas – 5 a 7 anos – os textos bíblicos vêm em forma de histórias. A história não é propriamente uma tradução do texto bíblico. Ela é mais uma adaptação do texto. Uma história não deve ser lida, deve ser contada, dramatizada. Principalmente, se estivermos lidando com crianças de 5 a 7 anos, como acontece na Pré-evangelização.

Contar histórias é uma arte. O catequista deve usar sua imaginação e sua criatividade, para encantar as crianças. Pode usar fantoches, máscaras, roupas especiais. Pode se movimentar de um canto para outro, atraindo sobre si os olhares da turma. Pode gesticular à vontade, usando mímicas e posturas: deve fazer tudo isso.

Pode arremedar os personagens, criando vozes diferentes para cada um. É uma verdadeira encenação. O critério será sempre a reação do grupo. Se mostra que está gostando, vá em frente. Se reage mal, mude de tática.

4. QUANTO AO COMENTÁRIO DOS TEXTO

O comentário dos textos, como é proposto nos encontros, é uma verdadeiro aprofundamento do tema, a partir dos textos proclamados. Não basta explicar e compreender o texto. É preciso compreender sua ligação com o tema do encontro. Essa ligação eqüivale à aplicação do texto à realidade da vida.

O texto bíblico não é um fim em si mesmo. Ele serve para iluminar a vida. Então, é preciso ficar claro em que sentido o texto a ilumina. Qual é a mensagem que ele traz?

De um único texto, costuma ser possível tirar várias mensagens. Como o catequista vai saber conduzir a reflexão sobre o texto sem fugir do assunto? É só ficar atento ao tema e ao objetivo de cada encontro. Há um risco enorme de se sair do assunto e conversar sobre um tanto de coisas, sem concluir nada. Se a curiosidade da turma puxa o assunto noutra direção, satisfaça, enquanto possível, essa curiosidade. Mas depois volte ao assunto principal para concluir a reflexão.

O texto bíblico não deve ser visto como uma camisa-de-força para limitar a reflexão. Ao contrário, ele é o ponto de partida para uma conversa de aprofundamento do tema.

É importante que o momento da reflexão seja momento de diálogo. O catequista não deve se sentir num púlpito fazendo sermão. Deve, sim, conversar com a turma e ajudá-la a debater o assunto. Mais importante que falar é deixar falar, induzindo todos a se expressarem. Quando só o catequista fala, ninguém garante que a turma tenha se ligado à reflexão. Mas quando o grupo fala, tem-se a certeza de que de algum modo houve interiorização.

O momento do comentário é privilegiado para perguntar, tirar dúvidas, esclarecer. Deve-se dar essa liberdade aos catequizandos, mas sem perder o controle do debate, prolongando-o em demasia. Às vezes, quando o tema desperta interesse, a turma parece querer passar o resto do dia em discussão. O catequista saberá dosar tudo isso para que o encontro não vá muito além do horário programado. O segredo é buscar a objetividade.

Quando o assunto exige, para sua compreensão, certa organização lógica, costumamos sugerir que se use algum recurso didático apropriado, que venha auxiliar a reflexão: cartazes, faixas, álbuns seriados. Esses recursos facilitam a organização das idéias e proporcionam uma síntese mais conveniente. Quando o assunto é mais intuitivo e depende mais da opinião pessoal, costumamos sugerir alguma forma de partilha. A partilha é importante porque ajuda cada um a emitir suas opiniões. Afinal, o catequizando precisa ser incentivado a elaborar o seu pensamento a partir dos conteúdos apresentados. A partilha é possível é útil em qualquer idade. Só vai diferir quanto ao seu conteúdo. Mesmo uma criança de cinco anos já sabe emitir opiniões sobre os temas propostos, desde que compreenda o assunto.

5. QUANTO AO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Enfim, é importante frisar aqui o aspecto da comunicação que deve merecer atenção em todos os momentos do encontro, principalmente na hora do comentário.

Podemos falar novamente da comunicação horizontal e vertical que engloba todo o processo de reflexão da Palavra de Deus. A
comunicação horizontal vai do catequista ao catequizando e, deste, retorna ao catequista. A comunicação vertical vai de Deus ao catequizando e, deste, retorna a Deus, em forma de adesão íntima e pessoal. Vejamos melhor esses quatro aspectos. Se faltar um deles, o processo de evangelização ficará incompleto.

1º) O catequista precisa se comunicar com os catequizandos, saber uma linguagem que eles entendam, de um modo que apreciem. Há dois problemas possíveis aqui. O primeiro é quando nem o catequista entendeu direito o assunto e, por isso, não consegue comunicá-lo com clareza. Ninguém então entende nada. O segundo é quando o catequista assume certas atitudes que produzem antipatia na turma como o mau humor, a falta de graça, o moralismo, o autoritarismo, a dificuldade de ouvir o catequizando, o monopólio da verdade (que acontece quando o catequista se coloca como o dono da verdade, em ouvir a posição dos catequizandos) – tudo isso pode prejudicar a empatia, principalmente – mas não somente – quando se lida com crianças já mais amadurecidas ou a partir da adolescência.

2º) O catequista precisa também abrir um canal de comunicação com os catequizandos. Se acomunicação vai apenas do catequista ao catequizando, e não retorna, será deficiente. Às vezes, essa comunicação de retorno é mais difícil. O catequista precisa de certo jeito para escutar a turma, compreendendo sua realidade, suas idéias, suas opiniões, seu mundo. Comunicação sem retorno é sempre incompleta. É como quando se envia uma carta que fica sem resposta. É pela resposta dos catequizandos que se perceberá com que profundidade acolheram e assimilaram o assunto, transformando-o em expressões próprias de seu conhecimento. O catequizando não precisa sair da catequese repetindo tudo o que o catequista afirmou. O que se espera é que o catequizando seja confrontado com toda a mensagem proposta e possa se posicionar diante dela, elaborando seu conhecimento. Nesse sentido, o catequista não se desespere se a turma questionar e protestar, parecendo não concordar com certos temas. Talvez haja maior assimilação ao protestar que ao se calar. Esse raciocínio, no entanto, não dispersa o catequista de usar todo o seu poder de convencimento, para gerar na turma uma adesão aos valores propostos.

3º) O catequista precisa estabelecer a comunicação de Deus com os catequizandos. A Palavra que se ouviu é Palavra de Deus. Com as devidas proporções, é Deus falando. A turma precisa ouvir a Palavra como coisa de Deus. Deus quer nos comunicar algo. Estamos, entretanto, diante de afirmações delicadas e perigosas, pois certos conceitos como Palavra de Deus, voz de Deus, vontade de Deus nem sempre são muito claros. É preciso ter cuidado para não colocar nossa vontade como sendo vontade de Deus. Nem mesmo podemos colocar a vontade da Igreja como desejo último de Deus. São três coisas distintas. Ao emitir sua opinião, o catequista deve deixar claro que se trata de sua opinião. Ao comentar a doutrina da Igreja, precisa deixar claro que é o pensamento da Igreja, , sempre voltado, é claro, para a busca do bem de toda a humanidade. A vontade de Deus, no entanto, será sempre um mistério. Cada pessoa a ouvirá diretamente em seu coração, em sua consciência. O catequizando aprenderá a concluir o que Deus lhe mostra, a partir de tudo, quando se reflete num encontro. Mas a comunicação de Deus ao catequizando acontecerá sempre no íntimo de cada um. Por isso, é bom evitar expressões ambíguas, tais como: “Deus me disse isso”, “Deus está dizendo aquilo”, “Deus me revelou tal coisa”. A não ser em frases genéricas e óbvias, como: “Deus quer o bem de todos”.

4º) O catequista precisa ainda incentivar a comunicação dos catequizandos com Deus. Trata-se de dar uma resposta, um retorno àquela iluminação divina que tiver sido captada a partir da reflexão sobre a Palavra. Mais uma vez, é preciso frisar que também essa resposta acontecerá no íntimo de cada um e dependerá de quanta luz o catequizando absorveu pela reflexão e por todo o encontro. Essa resposta é que produzirá depois a tão propalada mudança de vida. Mas não muito como induzir mudança de vida. O que o catequista pode e deve fazer é iluminar ao máximo o coração do catequizando, com a luz da reflexão, proporcionando assim a mais clara adesão que ele for capaz. Mas essa capacidade será sempre muito pessoal e dependerá de muitos outros fatores que escapam ao controle do catequista. A melhor resposta à Palavra de Deus é a simpatia e o amor do catequizando com Deus eqüivale a regar esse amor e essa simpatia, criando condições favoráveis para que floresça no coração de cada catequizando uma atração forte por Deus.

12 janeiro 2010

Bíblia: Fonte da Catequese


É impossível compreender exatamente o que seja a catequese, sem compreender profundamente a Palavra de Deus. O Diretório Nacional de Catequese nos diz: "É preciso que a catequese seja alimentada e dirigida pela Sagrada Escritura. É tão grande a força e virtude da Palavra de Deus que fornece à Igreja a solidez da fé, o alimento da alma, fonte pura e perene da vida espiritual. A própria Escritura testemunha: A "Palavra de Deus é viva e eficaz" ( Hb 4,11). A Bíblia é, pois o primeiro livro de catequese...

1° - POR SUA ORIGEM E NATUREZA


Antes da Bíblia ser escrita, Israel encontrou-se com seu Deus e alimentou sua vida de fé numa longa (experiência comunitária de luta pela sua sobrevivência e dignidade. Nesta experiência vai despontando o jeito catequético de Deus através do qual Israel foi aprendendo:
* a ver Deus no centro de sua história e da vida de cada um;
* a não tomar absoluto o que é relativo, seja pessoa, instituição, normas. Foi aprendendo a adorar só a Deus:
* Israel foi aprendendo a desinstalar-se, a fazer caminho:
* Colocar-se numa atitude de constante conversão, apesar das inúmeras caídas.
Através desta longa experiência podemos comparar a Bíblia com uma máquina de costura que vai costurando a aliança de Deus com o povo e do povo com Deus. O carretel de linha é o mistério do amor de Deus que vai penetrando os orifícios de nossa vida. A canelinha somos nós que devemos corresponder à penetração da agulha de Deus em nossa vida. O importante é firmar o ponto e não afrouxar a costura senão vamos franzir a nossa vida cristã. Através de nossa liberdade podemos cortar a linha e quebrar a aliança com Deus... A catequese é a constante costura que fazemos com Deus. Não se faz roupa apenas em alguns momentos da vida. Daí a importância da catequese e de sua formação permanentes.
Depois de muito tempo, por inspiração de Deus, Israel vai pondo por escrito aspectos marcantes desta experiência vivida à luz da fé. A vivência suscita os escritos. Na catequese de Deus os fatos precedem as escritas. E a grande pedagogia da Bíblia. Os escritos que vão surgindo mantêm viva e aprofundam a fé através de releituras posteriores provocadas pelos fatos novos.
Diz o Diretório Nacional de Catequese: "O texto sagrado nasceu em experiência comunitária: foi o processo que o próprio Deus escolheu para se comunicar. É função do texto bíblico alicerçar e vivificar a comunidade dos que crêem, fazendo crescer a unidade da Igreja, que não é uniformidade, mas deriva de um espírito básico de comunhão... A Bíblia nasceu na e para a comunidade de fé. Ela será vista em suas perspectivas mais importantes só quando relacionada com a comunidade" (DNC 177: 185).
Uma das características da Catequese renovada e ratificada no Diretório Nacional de Catequese é a "Interação
fé-vida”: O conteúdo da catequese compreende dois elementos que se interagem: a experiência da vida e a formulação da fé. A afirmação do princípio da interação é a recusa do nocionismo intelectualista e do dualismo na catequese. A interação entre fé e vida é a tarefa principal, a arte do catequista e seu constante desafio diante das situações concretas" (DNC 26). Esta interação não pode ser de palavra, igual óleo e no copo. Só se mistura quando é remexido. Deve ser a interação do óleo e da água na panela quentepara cozinhar o arroz. Uma vez misturados, não se separam mais. Toda a Palavra de Deus é esta grande interação entre fé e vida.

2° - POR SEU CONTEÚDO


A Bíblia nos traz valiosos testemunhos de mulheres e homens que testemunham o quanto tiveram consciência de que Deus é parceiro e está no centro da caminhada De tudo isto a Bíblia é fruto e história.
A Sagrada Escritura é, ao mesmo tempo, testemunho oficial e orientação autorizada do período fundador da nossa comunidade de fé. Por isso mesmo a Bíblia é livro catequético por excelência.
Na Bíblia, não existem textos sem valor, banais, mesmo que às vezes a gente tenha esta impressão. Eles têm seus valores, ainda que ocultos. Daí a necessidade de boa formação bíblica para percebermos qual catequese está por trás de tais textos. Para isto é importante dar bastante atenção ao texto. Evitar a ânsia de nos servirmos do mesmo texto para expor nossas idéias, não prestando atenção ao que ele tem anos dizer. E bom lembrar também que possíveis dificuldades que tivermos com alguns textos elas não podem nos desviar do verdadeiro referencial da Bíblia: o mistério da vida, da História, do Deus sempre imprevisível que não se deixa manipular.

3º - POR SUA PEDAGOGIA


A Revelação de Deus se realiza neste processo interativo entre Ele e seu povo... Pedagogicamente, Ele usa expressões profundamente humanas, parte da experiência do Povo, do que sabe a respeito de Deus, como aconteceu com Moisés, que já Conhecia o Deus de Abraão, Isac e Jacó e a quem é revelado. um dado fundamental a mais "Eu sou aquele que sou que é presença permanente no meio do povo"(DNC 239).
A pedagogia de Deus é a revelação progressiva através de palavras acontecimentos na caminhada do povo. Nada pronto de cima para baixo. Na medida em que o povo caminhava ia reavaliando suas reflexões e ações, numa linha progressiva.
A pedagogia bíblica é a reflexão na caminhada. Nada de receitas prontas. Na medida que a
comunidade caminha, reavalia reflexões e soluções do passado, às vezes corrigindo-as. É o caso, por exemplo, da responsabilidade pessoal.
A pedagogia bíblica nos ajuda a ver problemas e nos mostra que suas soluções estão na
comunidade de fé, onde aprendemos a traduzir em oração e em catequese tudo o que acontece: alegria, dores, esperanças. Neste sentido é importante o uso de uma linguagem simbólico-cultural, que situam catequista e catequizando em sua cultura.

II - CATEQUESE DOS LIVROS SAGRADOS


O desafio para nós é como usar os livros sagrados na catequese. Isto não se dá de uma vez. É através de nossa intimidade, da leitura obediente e orante da Palavra. Cada um dos livros da Bíblia é portador de valiosas contribuições. Vejamos, a título de exemplo alguns livros da Bíblia:
O livro do Êxodo mostra a espiritualidade da caminhada, deserto, abanca, experiência de Deus na fraqueza e na falta de tudo. Mostra a libertação e a esperança do povo.
O livro dos Salmos nos educa para a oração imersa na vida, oração feita de louvor, súplica,memória, agradecimento, queixas.
O livro do Eclesiastes. Neste ano vamos trabalhar no mês da Bíblia o livro do Eclesiastes. Este livro significa comunidade. Seu autor (a) tem um jeito de argumentar que provoca o leitor. Ele nos convida a pensar no sentido da vida, participar no processo da descoberta da verdade. O livro não impõe verdades, mas aponta caminhos, mostrando que um outro mundo só é possível com a participação de todos. O livro do Eclesiastes é uma grande catequese diante da vida.
Os livros do Profetas. Eles são os grandes catequistas de Israel, animadores da esperança. Eles são os catequistas incansáveis diante da infidelidade e fidelidade humanas. Não se casam de denunciar e anunciar, mostrar o sentido da história.
O uso dos livros da Bíblia na catequese deve levar em conta alguns critérios:
* Linguagem dos textos;
* Experiência de vida do catequizando;
* Maturidade de fé do catequizando;
* Prioridades: tudo na Bíblia pode ser valioso, mas nem tudo é igualmente importante aqui e agora.
O próprio processo de formação da Bíblia mostra que cada comunidade se fixava mais no que era prioritário. Existem sugestões de seleção de textos bíblicos a partir dos períodos sensíveis na idade evolutiva.
O que não pode faltar na formação bíblica do (a) catequista é o seu contato diário com a Bíblia. Diz o Frei Carlos Mesters que há um segredo para nós ficarmos por dentro da Bíblia: "Ler a Bíblia, ler a Bíblia, ler a Bíblia..."
Nesta leitura paciente da Bíblia, juntamente com os encontros de formação bíblica devemos ficar atentos:
1. O contexto do texto;
2. A ligação do texto com a comunidade-realidade;
3. Seus personagens;
4. Como o texto ilumina e questiona a nossa catequese;
5. O que o texto nos leva a falar com Deus.





EXERCÍCIO DE FORMAÇÃO BÍBL1CO-CATEOUÉTICA.

TEXTO ÊXODO 3.1-15

1° - PERFIL DO(A) CATEQUISTA (Ex 3,1-6)

v. 01 - Moisés trabalhando

catequista engajado na comunidade
v. 02 - Moisés atento aos sinais
Catequista atento à realidade.
v.3-4 Moisés responde a Deus
Catequista responde aos compromissos do Batismo
v. 5 - A experiência de Deus exige despojamento
Catequista deve tirar as sandálias – Kénosis – Esvazimento
v. 6 -Deus se revela na história
Catequista uma pessoa que vive o momento histórico

2° - ATITUDES DO (A) CATEQUISTA (Ex 3, 7-10)



v. 7 - Conhecer: ver com os olhos de Deus

Catequista escutar com o ouvido do coração
v. 8 - Descer: Deus assume a situação do povo
Realizar um projeto
Catequista ter sensibilidade
Interação do projeto catequético
Dificuldades (terra ocupada)
Catequista deve encarar as dificuldades
v. 11 - Moisés enviado de Deus
Catequista enviado de Deus

3° - ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA (Ex 3,11-15)


v. 11 - Moisés acha que iria libertar o povo

Somos instrumentos de Deus
v. 12 - Garantia da presença de Deus
Deus está com o (a) catequista
v. 13 - Moisés quer certezas
Deixar de Deus entrar em nós
v. 14 - Deus não é manipulado
Se deixar tocar pelo mistério de Deus
v. 15 - Fidelidade de Deus
Fidelidade do catequista