A falta de tempo para conviver em grupo, o trabalho que deixa o jovem cansado e ocupado, a escola que ensina a ser individualista, a televisão que diz para não se importar com a vida do outro, são desafios para a nucleação e organização de grupos de jovens da Pastoral da Juventude. Como responder positivamente a esta realidade? Como “ir contra a maré”, dizendo não à forma de viver que é imposta aos jovens pelo mundo dos adultos e suas instituições (a escola, a família, a televisão...)? É preciso resgatar o jeito jovem de ser: alegre, que enfrenta riscos, utópicos, esperançosos... Características que o mundo está roubando dos jovens, através da imposição de um jeito de ser triste, descrente, fechado, individualista e consumista. |
Como ser expressão desse novo jeito de ser? Como cultivar o carinho, o diálogo sincero, a amizade que ajude a amadurecer e ser feliz?
Quem sabe faz a hora...
Os grupos de jovens estão aí. São muitos. Muito maior ainda é o número de jovens que não estão participando de nenhuma organização ou movimento, dentro ou fora da Igreja.
Há jovens que se gastam no trabalho e sonham o sonho impossível, que os meios de comunicação e a propaganda colocam em suas cabeças para que acreditem - e se iludam - que o mundo pode ser feito de “charme, mordomias e luxo”.
Outros, gozam os privilégios de quem tem dinheiro, saúde, acesso à educação e tempo, desligados do alto preço que custam à sociedade, aos trabalhadores.
Há também aqueles que sabem que, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Buscam a realização de um sonho possível ou impossível, de uma sociedade justa que se faz à medida que arregaçam as mangas e se pôem a lutar.
Aí, talvez, reside o maior valor de um grupo de jovens. São jovens que não se conformam com as coisas do jeito que estão. “Desconfiam” que algo está errado e que é preciso juntar-se a outros jovens para mudar.
Em todo bairro, escola, trabalho, comunidade, se encontram jovens desejosos de fazer algo. São jovens que acreditam na amizade e na solidariedade e, por isso, estão dispostos a partilhar seu trabalho, suas forças.
São estes jovens que a Pastoral da Juventude procura descobrir, ajudando-os a se relacionarem de modo que, progresivamente, vão tendo consciência da necessidade do grupo de jovens.
O valor do grupo
Os grupos de base são grupos que se reúnem freqüentemente para a reflexão. Se comprometem na oração e ação. São grupos de vida, onde todos têm voz e vez. Cada grupo de jovens tem (e deve ter) sua própria maneira de ser. Não existe um modelo pronto, para ser copiado. O desenvolvimento das reuniões e encontros, por exemplo, possui características diversas em cada grupo, o que vai delineando a sua fisionomia.
Existem, porém, alguns elementos importantes para que ocorra crescimento no grupo. São elementos indispensáveis a todos os grupos de base, e que dão valor a este modelo de organização:
Um grupo de jovens é um grupo de amigos, unidos pela mesma fé
A amizade, o conhecimento interpessoal, a acolhida e a compreensão do outro só podem crescer em pequenos grupos.
A consciência e a participação só nascem onde cada um é importante, pode falar, escutar e dar a sua opinião.
As novas lideranças, capazes de intervir na Igreja e na sociedade, nascem e crescem nos grupos organizados, onde cada decisão e atividade é pensada e decidida coma opinião de todos.
A formação integral do jovem tem, no grupo de jovens, um espaço privilegiado.
No grupo, na comunidade, o jovem toma consciência de que a fé é mais do que apenas “ir à missa”. a espiritualidade do seguimento de Jesus, descobre, leva ao compromisso com os irmãos.
A ação planejada, no grupo de base, facilita a participação de todos.
É bonito ver o jovem que faz uma caminhada com o grupo, crescendo na fé, no relacionamento com o outro e consigo mesmo, na consciência crítica e na ação prática. Neste último aspecto, no entanto, acredito que precisamos ser mais criativos e ousados. Faltam aos grupos de jovens, ações concretas. É preciso dar um passo a mais. Descobrir “bandeiras de luta” que sejam atraentes e mobilizem os jovens, nas diferentes realidades em que vivem. Mãos à obra, com criatividade e coragem.
QUESTÕES PARA DEBATE
Quais são as principais pressões que fazem com que o jovem se acomode?
Como o jovem reage aos apelos dos individualismo e consumismo da nossa sociedade?
Quais são os principais elementos indispensáveis para manter um grupo de jovens?
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