01 agosto 2009

A MISSÃO DOS CATEQUISTAS NA COMUNIDADE CRISTÃ

A Igreja celebra em outubro o "Mês Missionário". É um período especial para a reflexão de nossa ação evangelizadora, e tempo também para se intensificar as formações, visando o despertar da consciência missionária nos balizados. Devemos responder com generosidade ao mandato de Jesus: "Ide, fazei todos os povos discípulos meus, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19).

Sabemos que muitos já assumem sua vocação missionária, anunciando o Evangelho de Jesus Cristo a tantas pessoas, a fim de que, conhecendo o amor misericordioso de Deus, possam lançar-se sem medo ao serviço da evangelização. Mas, ainda, muitos irmãos e irmãs nossos não se abriram à Palavra de Deus e, por isso, não descobriram o quanto é bom viver e crescer em comunidade.


Ajudar na educação da fé

Dentre essas pessoas que atuam na comunidade, merece um destaque especial a figura do catequista, que tem como missão ajudar na educação da fé das crianças e adolescentes.

A catequese faz a ligação da fé à vida e, para que isso aconteça, o catequista deve sempre lembrar aos catequizandos a maneira como Deus se revelou a seu povo.

A catequese deve proporcionar uma análise, à luz da Palavra de Deus, dos acontecimentos e das situações que vivemos no cotidiano de nossas vidas. Com isso, permitem às crianças e adolescentes cultivarem um senso crítico da realidade para melhor amar a Jesus.

Essa missão não é fácil, principalmente quando olhamos a nossa volta e percebemos muitas coisas que tendem a tirar as crianças e os adolescentes do caminho de Deus. Os meios de comunicação, por exemplo, exercem um fascínio muito grande na vida desses pequenos e de suas famílias, que muito do que se ensina na catequese acaba sendo absorvido por falsos valores que a mídia vende constantemente.


Desafios

Muitos são os desafios, mas os catequistas não devem temê-los, antes acreditar na graça de Deus, que lhes impulsiona a colaborar na evangelização. Servem-lhes, como sinal de esperança, as palavras do profeta: "Os que ensinam a muitos a justiça, brilharão para sempre como estrelas" (Dn 12,3).

Para que o catequista possa cumprir bem sua vocação missionária, duas dicas são importantes:

1) o cultivo da oração pessoal e comunitária, como forma de alimentar a mística e a vocação que abraça;
2) a preocupação com sua formação, buscando um melhor aprimora-mento, através de leituras de livros e revistas que tratem de assuntos variados de nosso cotidiano.

Além, é claro, de um estudo bíblico contínuo para entender a história da salvação e, com isso, mostrar a seus catequizandos a face amorosa de Deus.

Tudo isso poderá ser ampliado, se o grupo de catequistas da comunidade cultivar o hábito de reuniões que possibilitem a partilha das dificuldades, das conquistas e, principalmente, da alegria de poder servir à obra da evangelização.

Competências

Tudo o que você precisa conhecer sobre o assunto mais falado no mundo da educação. Esse novo jeito de ensinar, usado por educadores, em muito pode ajudar na Catequese com seu grupo de catequizandos.

Lembre-se dos últimos encontros catequéticos que você deu: reuniu o grupo, falou, explicou, deu exemplos, celebrou e se desdobrou para que a turma entendesse o tema.

Alguns até levantaram a mão para fazer uma ou outra pergunta, mas, no geral, todos ficaram quietos, "prestando atenção".

Será que eles estavam realmente interessados? Depende.

É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir.

Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países. O objetivo dessa abordagem é ensinar aos catequistas o que eles precisam aprender para ensinar seus catequizandos a serem cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros.

Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria das catequeses ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na turma, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las.

Não há uma receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode-se começar entendendo como ela surgiu. Até a conferência de 1990 em Jomtien, na Tailândia — onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos —, os processos educativos estavam calcados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial. Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar à exaustão.

Naquele encontro, concluiu-se que havia necessidade de mudanças estruturais. Ficou claro que reformar a educação era uma prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma educação para todos. Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma. Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é que esse contexto não existe mais.

A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo. Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão.

A catequese agora tem também o papel de ser espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de Deus. Mas, afinal, o que são essas competências? E como desenvolvê-las? O dicionário Aurélio define essa palavra como "qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos".

Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos.

Sim, agora são todos esses os objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico. Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço especialista em práticas pedagógicas, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos — como saberes, habilidades e informações — para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Ele cita dois exemplos:

1) Decidir seu caminho em uma cidade desconhecida requer as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações. E também diversos saberes, como ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.

2) Saber votar conforme seus interesses mobilizam as capacidades de se informar e preencher a cédula, bem como os seguintes saberes: conhecimento de instituições políticas, do processo de eleição, de candidatos, de partidos, dos programas de governo, das idéias democráticas etc.

Esses são exemplos simples. Outras necessidades estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. "Os seres humanos não vivem todos, as mesmas situações e as competências devem estar adaptadas a seu mundo", teoriza Perrenoud. "Viver na selva das cidades exige dominar algumas delas; na floresta virgem, outras.

Da mesma forma, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver." Como se pode ver, as definições são complexas, muitas vezes imprecisas.

Diante desse quadro, a primeira dúvida que surge diz respeito aos conteúdos. Eles deixam de existir? Não. Ninguém aprende nada desvinculado do conhecimento teórico. Trata-se de trabalhar essas informações de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama de ensino contextualizado. Uma coisa é você explicar no grupo um tema.

Outra é comparar e testemunhar a vida com este tema. Ocorre que o tempo é um parceiro cruel, todos vão argumentar. Com certeza. Um tema não se esgota em um encontro. É nessa escolha que entra o conceito de situações-problema, nas quais o conteúdo é apenas um dos elementos a ser levados em conta na hora de abordar qualquer conteúdo.

A motivação é criada a partir da geração de conflitos. Resolver um desafio estimula a turma. É mais importante que o catequizando saiba lidar com a informação do que simplesmente retê-la. Depois de lançada uma tarefa em que todos se envolvam, até uma catequese expositiva pode ter lugar. Nesse caso, ela estará inserida na resolução de um problema concreto e a teoria ganhará uma finalidade aplicável. Trabalhar assim significa o fim do conteúdo pelo conteúdo.

Se o objetivo é estudar uma situação real, do cotidiano, então o conhecimento também não pode estar separado. Se todos os saberes devem se unir para atender às necessidades do catequizando, então os catequistas das diversas idades também precisam sentar juntos para definir os temas? Sim.

Sem planejamento ninguém vai a lugar nenhum, o primeiro passo é repensar o projeto pedagógico, com o plano e a ação da catequese voltados verdadeiramente para a formação de indivíduos independentes e críticos. Sem perder de vista as necessidades do meio em que o catequizando vive.

E isso ainda não é tudo. De nada adianta trabalhar dessa maneira se a avaliação não muda. Mas, como avaliar competências? A observação é a melhor forma de saber se houve ou não o aprendizado. Ela precisa ser feita a todo momento, com o catequista prestando atenção ao que cada catequizando está fazendo, como reage aos estímulos, o que atrai seu interesse. Do contrário, o catequista não vai ajudá-lo a superar suas dificuldades. Mais uma vez, Perrenoud mostra um caminho para uma avaliação eficiente:

1) As atividades e suas exigências precisam ser conhecidas antes de iniciá-la.

2) Deve-se incluir apenas atividades contextualizadas.

3) Não pode haver nenhum constrangimento de tempo fixo.

4) É necessário exigir uma certa forma de colaboração entre os pares.

5) O educador tem de levar em consideração as estratégias cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos educandos.

6) Ela deve contribuir para que os educandos desenvolvam ainda mais suas capacidades.

7) A correção precisa levar em conta apenas os erros de fundo na ótica da construção de competências.

Ou seja, o trabalho torna-se mais sensível do que técnico.

Trazendo para a catequese, temos que o final de cada etapa, passa a ser resultado de muitos fatores, não apenas de uma "provinha". É o progresso e a evolução do catequizando ao longo da caminhada na fé e vida da comunidade. Ficou assustado com o tamanho do desafio?

Todos sabem que, na prática, as mudanças ainda vão consumir muito tempo até serem bem assimiladas. Até lá, continuarão existindo as boas e as más maneiras de catequizar. Mas que ninguém duvide: esse novo jeito de educar, que dá oportunidade a todos de aprender, será "a" referência em educação e, mais cedo ou mais tarde, servirá para diferenciar os melhores catequistas e as comunidades que merecem destaque. Por um motivo simples, quem não se atualizar vai formar pessoas fora do seu tempo.

"Regulamentos" do catequista

1º QUANTO A ACOLHIDA

O catequista deverá chegar meia hora antes do início do encontro. Receber todos os catequizandos com igual atenção, sem demonstrar preferências. Dialogar com eles sobre suas vidas perguntando o que fizeram durante a semana, como estão se sentindo, ... Não deve ser um "relatório", mas sim uma conversa expontânea, com muita simplicidade. O ponto de vista do catequizando deve ser respeitado e sua opinião ouvida com muita atenção.

2º QUANTO AO LOCAL DO ENCONTRO

A Bíblia deve ocupar lugar de destaque diante do grupo, usando velas, flores e toalha sempre que possível.

Colocar cartazes e figuras sobre o tema, enfeitando o ambiente para despertar o interesse no assunto. Se possível, trocar os cartazes a cada encontro, para que os catequizandos não percam o interesse neles.

3º QUANTO A LINGUAGEM

A linguagem deverá ser clara, coerente e simples. Nunca falar em tom infantil, mas naturalmente, com firmeza e simplicidade.

Procurar usar o mesmo vocabulário, usado na realidade dos catequizandos, para que eles possam compreender melhor a mensagem.

Atenção com algumas palavras que costumamos usar. Catequese não é curso, nem escola. Em vez de aula, falar de encontro. Não fazer "provas" nem dar "notas" nem "prêmios e castigos". Enfim, que o

relacionamento não seja de "Professor e Aluno".

Essas coisas existem na escola, mas não na catequese, que é o encontro da pessoa com Jesus Cristo e com a Comunidade.

4º QUANTO AO CATEQUISTA INDIVIDUALMENTE

O catequista deverá ter uma pasta, a qual conterá tudo o que é relacionado ao encontro. Esta pasta acompanhara o catequista em todos os encontros, incluindo este regulamento que deverá ficar afixado na mesma.

Haverá uma reunião dos catequistas antes de cada encontro para que possamos entrar em sintonia com Deus.

Qualidades de um bom Catequista

1. O catequista deve ter uma espiritualidade profunda de adesão a Jesus Cristo e à Igreja. Deve testemunhar por sua vida, seu compromisso com Cristo, a Igreja e sua comunidade. Deve ser uma pessoa de oração e alimentar sua vida com a Palavra de Deus.

2. Deve ser uma pessoa integrada na sua comunidade. A catequese, hoje, deve ser comunitária.

3. O Catequista precisa de uma consciência crítica diante de fatos e acontecimentos. Deve levar a comunidade à reflexão sobre a sua realidade, à luz da Palavra de Deus.

4. Ter sempre uma atitude de animador. Saber ouvir e dialogar, caminhando junto com a comunidade.

5. O catequista deve conhecer a fundo a mensagem que vai transmitir. Deve conhecer a Bíblia e saber interpretá-la; deve saber ligar a vida à Palavra de Deus e vice-versa.

6. O catequista precisa ter também certas qualidades "humanas":

- ser uma pessoa psicologicamente equilibrada;

- saber trabalhar em equipe, ter uma certa liderança e ser criativo;

- ser uma pessoa responsável e perseverante. Responsabilidade e pontualidade são necessárias;

- ter amor aos catequizandos e ter algumas noções de psicologia, didática e técnica de grupo;

- sentir dentro de si a vocação de catequista.

7. O catequista deve cuidar constantemente da sua formação. Nunca pode dizer que está pronto para sua tarefa. Precisamos de uma formação permanente:

- através de dias de encontro, reflexão e oração com os catequistas da sua comunidade;

- planejando e programando junto com os outros, ajudando-se assim mutuamente;

- participando de cursos dentro da própria comunidade ou paróquia,ou fora;

- lendo bastante, atualizando-se sempre, estudando os documentos da Igreja sobre catequese e outros assuntos atuais;

- formando o grupo dos catequistas.

8. Outras qualidades:

Ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esse serviço tornam-se bons catequistas através da prática, da reflexão, da formação adequada, da conscientização de sua importância como educadores da fé.

O catequista exerce um verdadeiro ministério, isto é, um SERVIÇO. E como nos diz o documento Catechesi Tradendae (A Catequese Hoje) a "atividade catequética é uma tarefa verdadeiramente primordial na missão da Igreja".

O catequista não age sozinho, mas em comunhão com a Igreja, com o grupo de catequistas. O grupo de catequistas expressa o caráter comunitário da tarefa catequética. E com o grupo que ele revê suas ações, planeja, aprofunda os conteúdos, reza e reflete.

O catequista necessita das seguintes qualidades:

• Ser uma pessoa com equilíbrio psicológico;

• Ter capacidade de diálogo, criatividade e iniciativa, saber trabalhar em equipe;

• Ser perseverante, pontual e responsável;

• Ser participativo, engajado nas atividades da paróquia, da comunidade e ter espírito de serviço;

• Ter vida de oração, leitura e meditação diária da Palavra de Deus;

• Ter espírito crítico e discernimento diante da realidade;

• Ser capaz de respeitar a individualidade de cada pessoa.

Isso não significa que exista uma pessoa que tenha todas essas qualidades, mas que devemos procurar desenvolvê-las no nosso dia-a-dia, pois se somos chamados, escolhidos por Jesus, Ele nos dá a graça para alcançá-las."

9. Uma paróquia onde não se prega a vivência de Jesus Vivo e Sacramentado e sim um Cristo histórico, como numa escola de catecismo, sem a preocupação de se criar um amor entre o catequizando e Deus.

Veja que o que é proposto pelas diretrizes, digamos, é o modelo ideal, o ápice de uma catequese renovada e cumpridora do papel de evangelizadora. E, neste ponto, entramos num campo mais delicado e surge uma dúvida: 'Como praticar e ser fiel a este modelo?'

Acredito que para começarmos a alcançar esta meta é nessecerário insistir na:

HUMILDADE e MISERICÓRDIA

Ninguém sabe tudo. Um catequista soberbo que não está aberto a uma formação continuada, está fora da vida sacramental (liturgia, confissão, etc), como poderá testemunhar e enfim, convencer aos catequizandos do amor de Deus? Humildemente devemos reconhecer nossas limitações e que devemos estar em constante RENOVAÇÃO. Não confunda com INOVAÇÃO, ou seja, mudança métodos ou de imagem, por exemplo quando você compra uma roupa nova você está apenas inovando seu visual e está APARENTEMENTE bonita mas não há mudança real na pessoa que continua a mesma antes da roupa nova. RENOVAR é transformar de dentro para fora, é fazer tudo novo, reestruturado, melhorado. E para isso, estudo e vivência da Palavra de Deus, dos Sacramentos e da Doutrina da Igreja é fundamental, para que renovada, a pessoa sempre busque no dia-a-dia viver com ardor e paixão a vocação de catequista, pois nós amamos aquilo que conhecessemos. E quando temos um grande amigo, falamos com nossas ações o amor que temos por ele. Pergunto: 'Catequista, tu és meu amigo, tu me amas?' Reflita a passagem no Evangelho de João capítulo 21, versículos de 15 a 19.

'E se o catequista não quer viver, estudar ou se deixar moldar por este modelo?' Digo tanto para aquele que faz a pergunta e para aquele que lhe é dirigido: usai da MISERICÓRDIA.

Nossa mãe Igreja Católica é sábia. E nos dá o caminho a percorrer ensinando-nos: "As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem te sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos. Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. É também uma prática de justiça que agrada a Deus" (CIC 2447)

Medite: "O verdadeiro desenvolvimento abrange o homem inteiro. O que importa é fazer crescer a capacidade de cada pessoa de responder à sua vocação, portanto, ao chamamento de Deus." (CIC 2461)


Deus lhe abençoe amigo(a) catequista!

'Não vos conformeis com o mundo!' Conf. Rm 12, 2

A experiência dos Catequistas

A EXPERIÊNCIA DOS CATEQUISTAS

Como Jeremias e de Pedro, eles se deixam "seduzir" por Deus e aceitam cumprir essa grande missão. São inevitáveis as dificuldades, os sofrimentos e as perseguições. Não obstante tudo isso, no final estão convencidas que valeu a pena.

No DIA DO CATEQUISTA, gostaria de aprofundar um tema muito atual: - Como devem ser os CATEQUISTAS PARA OS NOVOS TEMPOS? O grande desafio é conseguir chegar até o coração das crianças e dos jovens do mundo atual, que não dizem mais amém a tudo.

+ CATEQUESE RENOVADA

Em 1983, a Igreja no Brasil lançou um Documento sobre a Catequese Renovada. A CNBB há pouco aprovou o Novo Diretório Nacional de Catequese. É uma tentativa de encontrar novos rumos e novos métodos...

Ela está consciente que a Igreja hoje não é mais a única fonte de informação sobre o sagrado, mas sim uma das fontes. Hoje temos concorrentes. Por isso devemos caprichar para não perder o freguês. A pessoa que nos ouve quer razões para crer, não apenas doutrinas para repetir. A catequese deve responder aos desafios do mundo presente. Não é apenas transmitir conhecimentos, mas vivência de Deus...

+ Daí a importância da FORMAÇÃO dos catequistas. Precisa haver atenção maior na formação de catequistas, tanto da paróquia em oferecer meios atualizados e locais adequados, tanto dos catequistas em buscar métodos novos e mais eficientes de catequizar. Não basta treinar. Deve ser um processo progressivo e permanente de formação.

+ E a INCULTURAÇÃO deve estar presente na Catequese, descobrindo o modo de pensar e de agir da criança e do jovem de hoje. É a porta de entrada para um começo de conversa...

+ A presença da FAMÍLIA na Catequese é fundamental.Falou-se muito de sobre a catequese familiar... seria o ideal...Mas as crianças que não têm família como ficaria? E as que têm, será que todas estariam dispostas ou em condições nesse trabalho? Os catequistas não devem substituir os pais, apenas complementar...Mas, a Catequese, sem o apoio dos pais, fica profundamente prejudicado...

A melhor lição de catequese é dada pela alegria e pelo entusiasmo, com que os pais vivem os valores da fé e os ensinamentos de Cristo e a profunda experiência de Deus dos catequistas.

+ E a COMUNIDADE deve ser um lugar privilegiado dessa experiência de Deus.

+ Catequistas,

vocês percebem o quanto são importantes, se souberem ouvir, num mundo onde todos estão meio angustiados, até mesmo as crianças. Devem saber ouvir, serem sinal de salvação, que é uma coisa acolhedora. Salvação não é um código de leis, mas um ato de amor de Deus, que abraça as pessoas. E o catequista deve ter essa cara de salvação. O mundo precisa disso e o catequista é uma pessoa fantástica, já que faz essa coisa rara no mundo de hoje: ele é gratuito. Não é gratuito só porque não cobra pelo seu trabalho,mas porque gosta de se dar. Se ele for isso, o resto funciona por si. Deve ser feliz por ser o que é, e ajudar a própria Igreja a perceber o quanto ela também tem que ser assim.

Catequistas, obrigado, porque vocês também se deixaram "SEDUZIR" pelo Senhor... O Autor sagrado lhes garante: "Felizes os pés que andam para anunciar boas novas".


O bom catequista

O BOM CATEQUISTA PRECISA ESTAR ATENTO A TUDO E A TODOS


O catequista tem o poder de diálogo e deve fazê-lo sempre e precisa ter a sensibilidade de, observando nos olhos dos seus alunos, descobrir perguntas que não são feitas, suas necessidades mais imediatas. Deve também buscar um constante diálogo com os pais. Ligue para eles, bata um papo, fale de si, de seus métodos, convide-os para participar junto dos encontros de catequese. Você não vai gastar muito em telefone se fizer uma ligação por dia e terá como resposta, pais aliados ao seu trabalho, pode Ter certeza.

Se não der por telefone, envie cartas, são métodos interessantes de comunicação.

Um bom catequista chega sempre antes do horário marcado para o encontro, conversar informalmente com seus alunos como quem não quer nada, olha nos olhos de cada um e ouve suas histórias.

Estes momentos informais são importantes para você conhecer mais cada um, pois para eles o encontro ainda não começou, mas para você a catequese já está em andamento.

O bom catequista é pontual, começa o encontro antes do previsto e termina no horário acertado.

O bom catequista realiza a sua tarefa com alegria, disposição, paciência e é criativo.

O bom catequista encanta com o seu jeito para depois encantar com os seus ensinamentos.

O Saber do catequista: preprar-se para servir

“O momento histórico em que vivemos ... exige dos evangelizadores preparo, qualificação e atualização. Qualquer atividade pastoral que não conte, para a sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade”.

(Diretório Geral de Catequese - DGC, nº 234)

O Diretório Nacional de Catequese (DNC) cita estas palavras do DGC quando fala da importância da formação inicial e permanente de catequistas, tendo em vista o exercício de sua missão (ver DNC, nº 252).

A formação de catequistas é um instrumento valioso na preparação de pessoas para o ministério catequético, pois lhes dá segurança no anúncio do Evangelho. Além disso, o/a catequista cresce e se realiza como pessoa, assumindo sua missão com alegria e satisfação. A qualidade de sua ação pastoral também é aprimorada, dinamizando suas atividades.

É por isso que muitas/os catequistas estão participando das Escolas Bíblico-Catequéticas regionais, diocesanas e paroquiais. Também temos cursos de pós-graduação na área catequética em algumas partes de nosso país, onde várias pessoas aprofundam seus conhecimentos. Isto revela o amor e a dedicação de milhares de catequistas que generosamente investem tempo e dinheiro para melhor servir o Povo de Deus.

O DGC insiste em três aspectos do conhecimento que são importantes no exercício do ministério catequético: 1. a mensagem a ser transmitida; 2. o interlocutor que recebe a mensagem; 3. o contexto social em que vivemos.

A mensagem

“A mensagem é mais que doutrina, pois ela não se limita a propor idéias. A mensagem é vida” (João Paulo II, citado no DNC 97). A mensagem catequética faz ecoar a mensagem de Jesus, que nos comunicou o mistério da Santíssima Trindade, Deus-Comunhão(ver DNC 100). O centro da mensagem catequética é anunciar que “a salvação é oferecida a todas as pessoas, como dom da graça e da misericórdia de Deus” (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi 27a).

O DNC nos apresenta alguns critérios para anunciar esta mensagem: Em primeiro lugar está a centralidade da pessoa de Jesus Cristo, depois vem a valorização da dignidade humana, o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, o caráter eclesial da mensagem, a exigência da inculturação e, por fim, a hierarquia das verdades da fé (ver DNC 105). Importante ressaltar que a fonte da mensagem a ser anunciada encontra-se na Palavra de Deus transmitida na Tradição e na Escritura. “A Igreja quer que em todo ministério da Palavra, a Sagrada Escritura tenha uma posição pró-eminente” (DGC 127).

O interlocutor

Em vez de falar de “destinatário”, o DNC prefere usar “interlocutor”, já que o catequizando interage no processo catequético (ver DNC, cap. 6). Além de levar em consideração as diferentes etapas da vida humana (idosa, adulta, juvenil, adolescente, infantil), faz-se necessário não esquecer a catequese na diversidade, que inclui os grupos indígenas, afro-brasileiros, as pessoas com deficiência, os marginalizados e excluídos, as pessoas em situações canonicamente irregulares. Ainda devem ser tidos em conta os grupos diferenciados (profissionais liberais, artistas, universitários, migrantes...), os diversos ambientes (rural e urbano), o contexto sócio-religioso (pluralismo cultural e religioso, a religiosidade popular, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, os recentes movimentos religiosos), e o contexto sócio-cultural (inculturação, comunicação e linguagem) para que possamos alcançar a todos.

O contexto social

O parágrafo 86 do DNC cita a Constituição do Vaticano II, Gaudium et Spes 1: “as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”. Portanto, a vida humana e tudo aquilo que a envolve faz parte do anúncio catequético, que não pode ignorar o mundo em que vivemos.

O que um/a catequista precisa conhecer?

Levando em consideração a mensagem, o interlocutor e o contexto social, o DNC (nº 269) apresenta os conteúdos que um/a catequista precisa conhecer para desempenhar com qualidade e segurança seu ministério:

a) a Palavra de Deus, fonte da catequese: “A Sagrada Escritura deverá ser a alma da formação”;

b) o núcleo básico da nossa fé: as quatro colunas (credo, sacramentos, mandamentos/bem-aventuranças, pai-nosso);

c) as ciências humanas, de modo especial um pouco de pedagogia e psicologia;

d) o Catecismo da Igreja e os documentos catequéticos (Catequese Renovada, Catechesi Tradendae, DGC, DNC...);

e) a pluralidade cultural e religiosa: educação para o diálogo com o diferente;

f) os acontecimentos da história: descoberta dos sinais e dos desígnios de Deus;

g) a realidade local: história, festas e desafios do lugar em que se vive;

h) os fundamentos teológicos da ação pastoral: rosto misericordioso, profético, ministerial, comunitário, ecumênico, celebrativo e missionário.

O saber não é algo isolado, mas está em estreita conexão com o ser (pessoa) e o saber fazer (metodologia) do catequista.

Um/a catequista bem preparado/a será capaz de formar discípulos de Jesus comprometidos com a causa do Evangelho e do Reino: vida plena para todos. Isto inclui todas as dimensões da vida humana, que precisam ser fecundadas pela semente do Evangelho. A formação é o espaço que temos para nos tornar “adultos na fé rumo à maturidade em Cristo”.

SABER FAZER CATEQUESE

O capítulo quinto do Diretório Nacional de Catequese, ao tratar da Catequese como educação na fé, começa falando da pedagogia, do “saber fazer” do próprio Deus. E diz: “Deus, como educador da fé, se comunica através dos acontecimentos da vida de seu povo... Sua pedagogia parte da realidade das pessoas” (DNC 139).

Sabe da vida quem presta atenção nos fatos e nas pessoas. Um(a) catequista desligado do mundo não estaria em condições de usar uma pedagogia que responda às necessidades de seu tempo e de seus interlocutores, mesmo que tivesse um grande conhecimento teórico da tradição, dos mistérios da fé e das próprias disciplinas da educação em geral.

Combinando bem com esse fio condutor inicial, o DNC lembra algo que parece óbvio, mas que tem sido esquecido em muitas situações: “Em vez de ir fornecendo respostas, teríamos que ouvir as perguntas que os catequizandos já trazem...” (DNC 165). Um encontro catequético, mesmo bem preparado, pode ser resposta a perguntas que ninguém fez nem está interessado em fazer, se antes não estivermos abertos à escuta das pessoas e da nossa realidade. São as inquietações e perguntas das pessoas que abrem a mente e o coração para a resposta religiosa. Mas a pergunta vem primeiro. Mesmo que sejam perguntas tão profundas que não têm resposta imediata, são elas que mantêm aberto o caminho da busca, onde Deus se revela. Saber escutar pessoas faz parte do indispensável acolhimento, sem o qual a Igreja não consegue se tornar atraente e capaz de cumprir sua missão. Mas o/a catequista não precisa só saber escutar individualmente quem está a seus cuidados. É preciso saber escutar o mundo em volta, o universo da comunicação, o momento histórico e a vida da comunidade. Falamos muito em comunicação moderna. Então se diz que a Igreja precisa se expressar via internet, ou na TV. Se ela fizer isso com competência, será muito bom, é claro. Mas estar em dia com a comunicação moderna não é só – e a meu ver nem principalmente – “dar o nosso recado” através dos variados recursos da mídia. É também saber ouvir o que está sendo dito no cinema, nas histórias em quadrinho, na TV, na obra dos grandes poetas e romancistas, na música popular, na fala de jornalistas competentes. A familiaridade com os temas e linguagens aí apresentados dá à catequese abordagens que prendem o interesse e podem facilitar o caminho para a apresentação da proposta evangelizadora. O DNC dá uma orientação que poderia ser bem mais desenvolvida na formação dos/as catequistas: “Os bons artistas têm o dom de expressar de forma impactante a experiência humana. A catequese pode aproveitar o talento desses parceiros” (DNC 165).

Há muitas oportunidades para a catequese aprofundar o seu “saber fazer” dentro do próprio ambiente eclesial. Uma comunidade que viva uma verdadeira comunhão e estimule a criatividade dentro da fidelidade ao essencial da mensagem será uma permanente escola de metodologia. O nosso conhecido método ver-julgar-agir-celebrar- rever, mesmo não sendo o único caminho possível, tem uma enorme capacidade de educar o/a próprio/a catequista, ajudando a fazer a interação fé e vida e convidando a um olhar mais atento sobre o que nos cerca. A recíproca também pode ser verdadeira: o comportamento da comunidade inspira o agir dos catequistas e o agir dos catequistas vai transformando também pedagogicamente a comunidade na direção da comunhão, do diálogo, da compreensão da situação vital de cada pessoa, da sensibilidade para a necessária transformação social.

Mas Igreja e sociedade não são dois mundos isolados. Descobrem-se bons modos de fazer catequese ouvindo a própria Igreja (e nossos documentos estão cheios de preciosas indicações) e também ouvindo o mundo secular, conhecendo experiências pedagógicas bem sucedidas, aplicando conhecimentos de ciências humanas. Por isso, o DNC observa: “Um catequista que gosta de aprender, também fora do âmbito da Igreja, será mais criativo e terá mais recursos para dar conta da sua missão” (DNC 151).

Alguém poderia perguntar: Não estaremos exigindo demais desse exército de catequistas que já é tão dedicado e tão gratuitamente generoso? Seria realmente pedir demais, se o primeiro beneficiário desse processo não fosse o/a próprio/a catequista. Uma pessoa empolgada pelo permanente aperfeiçoamento do seu “saber fazer” catequético vai se tornar mais competente na vida como um todo, vai crescer mais do que a acomodação permitiria. E isso é um grande prêmio, que os nossos catequistas bem merecem!

Fonte: Therezinha Motta Lima da Cruz

Membro do Grupo de Reflexão Catequética (GRECAT) da CNBB e colaboradora do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC)

USO DA BÍBLIA NA CATEQUESE

Fico feliz ao ver o nosso povo demonstrar seu enorme apreço pelas Sagradas Escrituras. Isso fica evidente quando, durante as celebrações, os membros da comunidade se põem de pé, para ouvir as leituras evangélicas. Denotam-se extremos de atenção e de esforço, para não perder uma só palavra. “Não ardia o nosso coração quando Ele nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32). Fica evidente a grande fé que o povo católico deposita no Cristo, que se comunica com o seu povo. Outro momento precioso para assimilação do ensinamento divino, é nos Grupos de Reflexão, quando se reúnem nas casas. Temos perto de mil desses grupos, que se reúnem semanalmente, aqui na nossa arquidiocese de Uberaba. O respeito pelas sagradas letras é o ponto alto da reunião. Chega mesmo a ser uma catequese entre adultos, a partir da Palavra.

A estima e a atenção pelo Deus que se comunica, se manifesta também na caminhada catequética das novas gerações (crianças e jovens), que visam aproximar-se da Eucaristia e do sacramento da Crisma. Segundo o “Diretório Nacional de Catequese”, a Bíblia é o livro de catequese por excelência ( Nº 107). É ainda o mesmo Diretório que garante que a “catequese há de haurir sempre o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, confiada à Igreja” (Nº 106). Assim a Esposa de Cristo “tira do seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13, 52). Dentro da Tradição, a Bíblia ocupa um lugar especial: nela a Igreja reconhece o testemunho autêntico da Revelação divina.

Mas usando as Escrituras, a Catequese precisa evitar dois recifes, que podem fazer afundar todos os belos propósitos de aprendizado da fé. O primeiro é a possibilidade de reduzir o “depósito da fé”, a uma leitura apenas parcial das páginas bíblicas. Seria fazer memória de alguns trechos, e cair na amnésia de todos os demais. Infelizmente ainda não temos textos catequéticos resumidos de doutrina, após a publicação do “Catecismo da Igreja Católica”. Esses manuais ajudariam a chamar a atenção para uma vivência plena dos ensinamentos divinos. O outro grande perigo é querer fazer belas descobertas, dentro do horizonte acanhado do grupo, e só se interessar pelo “nós”. Neste caso esquece-se a Igreja, a quem Jesus confiou toda a Revelação, e cuja interpretação garante a reta compreensão. Portanto, não se pode esquecer o que a Igreja entendeu durante vinte séculos, e aquilo que ela, num amor de mãe, definiu para nos orientar

Fonte: Dom Aloísio Roque Oppermann scj

Arcebispo de Uberaba, MG

CARTA DE DOM CLAÚDIO HUMMES AOS CATEQUISTAS

Ao dirigir-se aos catequistas do mundo inteiro, Dom Claúdio Hummes, afirma que na “América Latina e Central, ainda que não exclusivamente, existem catequistas assassinados por serem catequistas, isto é, testemunhas e anunciadores de Cristo e de uma verdade revolucionária: Deus ama o homem”.Além disso, existem catequistas mártires já beatificados. È um exército imponente presente no mundo inteiro, sempre em primeira linha. A Igreja lhes deve muitíssimo; o catequista é uma pessoa “capaz de cultivar relações de amor autênticas, e em um mundo freqüentemente sem esperança, alvo da violência e do egoísmo, cada gesto do catequista, cada sorriso, cada palavra, dever ser um testemunho de que o Senhor ama o homem”, acrescenta.

Por tudo isso, o catequista deve ser um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, uma pessoa que já encontrou Cristo, que fez uma escolha pessoal e comunitária por Cristo, uma pessoa em escuta e busca contínua de Cristo, orientada para Ele no coração da Igreja, fiel aos seus ensinamentos. É fundamental que o catequista tenha uma formação suficiente para a sua missão, adaptando-se à região em que está vivendo, consciente que é necessário transmitir a catequese em sua integridade e não somente uma parte. Este é o seu conselho aos catequistas: “Fazer que entendam que Deus nos ama”; devemos repetir de que Deus nos ama. Só seremos capazes de amar a Deus se antes tivermos a experiência de que Ele nos ama.

Vocação e Missão do Catequista

Em sua mensagem aos catequistas, Dom Eugênio Rixen, Presidente da Comissão Episcopal para Animação Bíblico-Catequética da CNBB, destaca os preparativos para o Ano Catequético e a missão do catequista, que é “nutrir e manter acesa a chama da esperança e da fé, pedindo ao Senhor que permaneça nas famílias, nas comunidades, na Igreja-Comunhão, espaço privilegiado da partilha, onde todos se sentem família, membros de um só corpo, porque reconhecem o Cristo partido e repartido não somente na eucaristia, mas na vida dos irmãos e irmãs e que a Boa Nova chegue aos corações e desperte a solidariedade, a inclusão e a justiça.

Reconhecemos a importância deste ministério para a vida da Igreja; milhares de catequistas cumpriram e continuam cumprindo, com determinação e amor, a missão que Deus lhes confiou neste chão de Rondônia. Nas visitas pastorais constato que, mesmo nas comunidades mais distantes, sempre tem a catequese, mesmo que ninguém tenha feito algum curso ou participado de algum encontro. Sempre vai haver uma pessoa que acolhe a inspiração de Deus e começa a reunir os jovens e as crianças para educá-los na fé. Há comunidades que são verdadeiras expressões da catequese de adultos; favorecem uma educação da fé, ligada mais à vida da comunidade. Pela catequese a graça de Deus é acolhida, as mentes se abrem para a verdade do Evangelho, e os corações são motivados para a vivência fraterna (D.Valentim).

Existe uma verdadeira multidão de abnegados catequistas, que testemunham a gratuidade da fé, dom de Deus, não só pela maneira gratuita como eles mesmos desempenham seu ministério, mas, sobretudo, porque manifestam a força de Deus, que os envolve, e torna-os instrumentos da ação poderosa do Pai que continua atraindo todos para o seu Filho, a presença de Jesus que revela sua verdade, e a atuação do Espírito que vai suscitando a comunhão eclesial, reflexo da comunhão trinitária. É dentro desta dinâmica divina que o catequista se sente envolvido. Por isto ele se torna a mediação humana do encontro que Deus quer ter com cada pessoa. A verdadeira catequese precisa levar ao encontro pessoal com o Deus vivo, por meio de Jesus Cristo e na comunidade eclesial.

Um autêntica catequese ajudará a introduzir os catequizandos nos “lugares” conhecidos do encontro com Deus, como a leitura orante da palavra de Deus, o exercício da oração pessoal e comunitária, a experiência da participação na vida eclesial, a participação na Eucaristia e nos demais sacramentos, a prática da caridade fraterna e a vida moral coerente com o Reino de Deus anunciado por Jesus. Pela atuação dos catequistas, a opção religiosa não será somente consentimento intelectual às formulações doutrinárias, com risco de superficialidade ou de fanatismos, mas se tornará adesão pessoal, permeada de valores humanos e cristãos, que os catequistas transmitem por seu testemunho de vida.

Um texto bonito de liturgia na festa dos apóstolos diz assim: “Vossos amigos, Senhor, anunciam a glória do vosso nome!” Os discípulos são verdadeiros amigos de Jesus Cristo, que os introduz na intimidade com Deus. A catequese é ação dos verdadeiros amigos de Deus. A catequese eficaz leva à amizade com Deus. E leva a doar a vida pelos irmãos incondicionalmente.

A semente que o catequista planta


A semente que um catequista planta pode não dar frutos amanhã, mas, se bem plantada, dará frutos algum dia.
Em 1990, tive uma turma de crisma daquelas inesquecíveis. Os Jovens eram empolgados, inteligentes, com opinião sobre as coisas e se mostravam dispostos a receber uma mensagem diferente. Existem turmas que são assim e naquele ano eu senti que estava com a “faca e o queijo na mão”, tinha tudo para dar certo.
No auge da minha empolgação como catequista aproveitei o clima e fiz daquela turma uma das melhores que já tive nos meus 20 anos atuando na catequese.
Daquele grupo de alunos surgiu um Grupo de Jovens que existe até hoje e deste grupo, surgiram também inúmeras lideranças que atuam em diversos serviços e pastorais da igreja. Naquela turma de 1990 eu tinha uma catequisanda sensacional. Ela era cheia de vida e estava sempre interessada em ajudar nas tarefas propostas.
Seus pais não eram assíduos freqüentadores da igreja e das missas, aliás, como a maioria dos pais. Por isso, nas festas do Grupo de Jovens que ela ingressou durante o ano, obrigávamos todos os componentes a levarem os seus pais. Muitas sementes que plantei nestes jovens naquela turma de 1990 deram frutos imediatos.
A semente que eles plantaram rendeu diversos frutos mais tarde. Esta minha aluna virou coordenadora do Grupo de Jovens, catequista e é uma participante ativa nos serviços da comunidade até os dias de hoje.
A semente plantada por ela deu frutos na sua própria família. A mãe desta menina começou a participar da comunidade e também hoje, é uma pessoa atuante e disposta, tendo inclusive coordenado serviços importantes dentro da Paróquia. A semente desta mãe também começou a dar frutos e, adivinhem aonde?
Na minha casa. Recuperando a trajetória da semente: plantei na minha turma de catequese e o fruto, foi uma aluna. Esta aluna plantou e o fruto foi a sua própria mãe. A mãe dela plantou outras sementes e um dos frutos, foi a minha mãe.
A minha mãe embora católica praticante se recusava a trabalhar pela comunidade de forma mais efetiva em algum serviço ou pastoral, ou por cansaço, ou por vergonha ou simplesmente pela falta de insistência. Pelas mãos de Deus, a mãe desta minha aluna convidou a minha para participar de um trabalho voluntário na comunidade.
Fiquei surpreso ao saber um dia que a minha mãe estava lá no Clube de mães da Paróquia e tinha levado junto uma amiga e numa sala pequena com outras tantas senhoras, faziam costuras em roupas que depois, seriam doadas para famílias carentes. Foi um dos grandes momentos da minha vida como leigo.
A semente que foi plantada naqueles encontros de catequese em 1990 está dando frutos até hoje, 16 anos depois, e o resultado disso foi parar na minha própria casa. Por isso eu insisto que ser catequista não é simplesmente para quem não tem o que fazer, mas sim, para quem fazer algo diferente e bem feito.
Não tratemos a catequese com desdém, como algo supérfluo, mas sim com o devido respeito que ela merece. Se ela for bem planejada, executada e constantemente monitorada os frutos aparecem, basta que não tenhamos pressa.
(História de um catequista que sonha)

A formação para o serviço na catequese

1. Necessidade da formação catequética

A formação dos catequistas é atualmente uma das tarefas mais urgentes de nossas comunidades, pois, “o catequista é de certo modo, o intérprete da Igreja junto aos catequizandos” (DCG 35).

“Qualquer atividade pastoral que não conte para sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade” (DGC 234), portanto, é preciso contar com uma adequada pastoral de catequese que possa:

· Suscitar vocações para a catequese;

· Distribuir melhor os catequistas entre os diversos setores;

· Organizar a formação dos catequistas (de base e permanente);

· Atender pessoal e espiritualmente os catequistas e formar um grupo de catequistas integrado à vida da comunidade.

O objetivo principal da formação do catequista é o de prepará-lo para comunicar a mensagem cristã, àqueles que desejam entregar-se a Jesus Cristo. A finalidade da formação requer, portanto, que o catequista se torne o mais capacitado possível a realizar sua missão.

2. Critérios para a formação do catequista

O Diretório Geral para a Catequese no nº 237, apresenta alguns critérios inspiradores para formação do catequista:

· Formar catequistas com fé profunda; clara identidade cristã e eclesial; profunda sensibilidade social

· Capazes de transmitir não apenas um ensinamento, mas também uma formação cristã integral, desenvolvendo “tarefas de iniciação, de educação e de ensinamento”. São necessários catequistas que sejam ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas.

· Capazes de superar “tendências unilaterais divergentes” e de oferecer uma catequese plena e completa. Isto é, precisamos saber conjugar fé e vida, num sentido social e eclesial.

· Há também necessidade de se investir na formação específica para o leigo, grande maioria na catequese.

· e, por último, o DGC aponta para a importância fundamental da formação pedagógica. “Seria muito difícil para o catequista improvisar, na sua ação, um estilo e uma sensibilidade para os quais não tivesse sido iniciado durante a sua própria formação.” (DGC 237).

3. Dimensão da formação

Além dos critérios inspiradores, a formação do catequista possui as seguintes dimensões: SER, SABER E SABER FAZER.

“A mais profunda se refere ao próprio ser do catequista, à sua dimensão humana e cristã. A formação de fato deve ajudá-lo a amadurecer, antes de mais nada, como pessoa, como fiel e como apóstolo. Depois há o que o catequista deve saber para cumprir bem a sua tarefa. (...) Enfim há a dimensão do saber fazer, já que a catequese é um ato de comunicação. A formação tende a fazer do catequista um “educador do homem e da vida do homem” (DGC 238).

O catequista precisa estar em contínua formação humana e cristã. Por isso, não bastam os cursinhos de início de ano. Estes são muito mais momentos de sensibilização para o trabalho catequético e não indicadores de que, ao participar destes encontros, o catequista esteja em condições de realizar bem a tarefa pastoral.

4. Elementos da formação

A formação deve levar em conta o duplo movimento de fidelidade: a Deus e ao homem.

BÍBLICA

DOUTRINAL

LITURGICA

ESPIRITUAL

FIDELIDADE A DEUS

FORMAÇÃO

ANTROPOLÓGICA

PEDAGOGICA

SOCIOLOGICA

METODOLOGICA

FIDELIDADE AO HOMEM

A missão que o Catequista é chamado a realizar exige:

a) intensa vida sacramental e espiritual;

b) familiaridade com a oração;

c) profunda admiração pela mensagem cristã;

d) uma atitude de caridade, humildade e prudência que permita ao Espírito Santo realizar sua obra fecunda nos catequizandos.

Sendo a catequese um processo permanente de educação da fé, também a formação do catequista deve ser permanente, pois o catequista terá sempre coisas para aprender em toda a sua vida. “Além de testemunha, o catequista deve ser mestre que ensina a fé. Uma formação bíblico-teológica lhe fornecerá um conhecimento orgânico da mensagem cristã articulada a partir do mistério central da fé, que é Jesus Cristo” (DGC 240).

5. Conteúdos a serem aprofundados

O conteúdo desta formação doutrinal é exigido pelas diversas partes que compõem todo o projeto orgânico de catequese:

· As três grandes etapas de história da salvação: Antigo Testamento, Vida de Jesus Cristo e História da Igreja;

· Os grandes núcleos da mensagem cristã: Símbolo, Liturgia, Vida Moral e Oração.

· A Sagrada Escritura deverá ser como a alma desta formação e o Catecismo da Igreja Católica o ponto de referência doutrinal fundamental, juntamente com os materiais catequéticos publicados. Além disso, precisamos conhecer os documentos do Magistério da Igreja. A leitura e reflexão destes livros deverão estar sempre presentes na vida do catequista.

· Para uma formação integral, “é necessário que o catequista entre em contato, pelo menos, com alguns elementos fundamentais da psicologia (...) As ciências sociais procuram o conhecimento do contexto sócio-cultural em que o homem vive e pelo qual é fortemente influenciado” (DGC 242).

· Além destes conhecimentos, precisamos aprender alguns elementos da ciência da comunicação: dinâmicas de grupo, utilização dos recursos didáticos e meios audiovisuais e também aproveitar das riquezas da informática.

· Por fim, é importante que o catequista conheça o valor do planejamento, da avaliação e alguns princípios de metodologia.

· Como se vê, a formação do catequista é algo complexo e dinâmico. Precisamos de humildade e entusiasmo para aprender sempre.

6. Sugestões de atividades formativas

Não podemos esquecer que a formação do catequista acontece, em primeiro lugar, na comunidade cristã. “É nesta que os catequistas experimentam a própria vocação e alimentam constantemente a própria sensibilidade apostólica”(DGC 246).

Para isso o coordenador procurará...

· motivar o grupo de catequistas para reuniões mensais de preparação dos encontros catequéticos. Deve-se ver o melhor dia e horário para cada grupo (catequese infantil, iniciação eucarística, perseverança, adultos, especial, ...), ainda que sejam em dias diferentes para cada grupo.

Daí a necessidade de haver coordenadores específicos para cada grupo.

· garantir um encontro anual para o “grupão” de catequistas se reunir e aprofundar algum tema necessário para a sua formação integral;

· incentivar a participação dos catequistas em cursos da paróquia, ou em encontros formativos da região, setor e arquidiocese.

· Vamos aprender a trabalhar com representatividade? Se não der para enviar todos, insista para que, ao menos um catequista esteja presente nestes momentos e torne-se agente multiplicador na comunidade.

· não esquecer dos auxiliares, que se preparam para ser catequistas: eles merecem uma atenção especial, a mesma qualidade de formação.

incentivar a participação dos catequistas na Escola da Fé Paroquial.

“Formar os formadores”, esta deve ser uma meta constante da equipe de coordenação da catequese. Logo, a formação “possibilitará o crescimento do catequista no equilíbrio afetivo, no senso crítico, na unidade interior, na capacidade de relações e de diálogo, no espírito construtivo e no trabalho de grupo” (DGC 239). Iintegrar o conhecimento numa vida correta, inspirada pelos valores do Evangelho para anunciar a Palavra de Deus, é a meta do catequista.

7. Conclusão:

Ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esta missão tornam-se bons catequistas através da prática, da reflexão e da preparação adequada. Para colaborar na formação de discípulos de Cristo, o catequista deve ser, em primeiro lugar, um discípulo amoroso, humilde, alegre e fiel.

A fé foi colocada por Deus no coração do homem. A tarefa do catequista é a de cultivar este Dom, alimentá-lo e ajudá-lo a crescer primeiro em seu coração para que deixe transbordar esta experiência de vida cristã para os irmãos.

Siglas utilizadas:

DCG – Diretório Catequético Geral, Sagrada Congregação para o Clero, 1971.

DGC – Diretório Geral para a Catequese, Sagrada Congregação para o Clero, 1997.