É preciso uma dose de loucura para se aventurar neste desafio que é ser catequista. O catequista que faz a mesmice não vai a lugar algum, a não ser procurar o coordenador da catequese da sua paróquia e reclamar que não está conseguindo atingir seus objetivos nos encontros.
Será que nós catequistas vamos demorar ainda quanto tempo para entender que a catequese parada, sem métodos diferenciados e dinâmicos e com catequistas desinteressados e preguiçosos que cumprem apenas um ritual, não vai funcionar? Precisamos de um giro de no mínimo 180 graus e isso é para já.
O primeiro passo é começar mudando a mentalidade de muitos de nossos padres. É preciso discutir com profundidade este assunto. Afinal de contas, a catequese é ou não é prioridade? Se realmente é como dizem os diversos documentos da CNBB e do Vaticano que foram publicados nos últimos anos, os padres que dêem aos seus catequistas condições de trabalho, salas mais espaçosas, material para a realização dos encontros e acima de tudo, estímulo e incentivo para que os catequistas perseverem na caminhada.
O documento da catequese renovada já possui 22 anos. As orientações contidas nele recomendam mudanças na sistemática de evangelização de nossos jovens e crianças.
Então, comecemos a agir, o que é que estamos esperando?
Para alguns padres a catequese só é prioridade da boca para fora. Na prática, pouco ou quase nada fazem para tornar isso verdadeiro e em muitos casos, são os primeiros a desestimular qualquer tentativa de mudança. Quando o Padre é quem puxa para trás, o resultado final tem grande possibilidade de tornar-se catastrófico: catequistas desmotivados e catequese fraca, sem fundamento, ultrapassada e que acaba virando piada na boca das crianças, jovens e pais.
Injeção de ânimo nos catequistas
Mas não podemos ficar esperando apenas que o Padre seja “bonzinho” e caridoso. É preciso ás vezes, não ficar debaixo da batina deles esperando que façam tudo. Ergamos as mangas e vamos ao trabalho.
O segundo passo é uma injeção de ânimo nos próprios catequistas. Não dá para ficar esperando que tudo caia do céu. Quem se propõe a dar catequese simplesmente porque não tem o que fazer é melhor que fique
A catequese não é uma brincadeira sem compromisso aonde o catequista vai quando pode e não se prepara de forma adequada para os encontros. Assim ela não tem efeito e se torna um tiro no pé
Esta normalidade já cansou, é preciso arriscar algo diferente.
Precisamos de loucura na catequese
Precisamos de um pouco mais de loucura e ela deve vir acompanhada de um planejamento articulado e sadio, para não cair no “oba-oba”.
Um catequista não pode ser um “qualquer um”, mas uma pessoa bem escolhida e preparada e que esteja “cheia de gás” para passar uma mensagem positiva e alternativa sobre Jesus e a igreja.
Esta loucura deve leva-lo ao desejo incondicional de mostrar um caminho novo para os jovens e crianças. Este caminho não significa impor nada. É preciso indicar sem imposições e para isso são necessários métodos atraentes, criativos, responsáveis e compromissados com o evangelho.
A loucura da catequese deve indicar um caminho sedutor, mas não com métodos utilizados no tempo do “epa”. O catequista para conseguir êxito no seu trabalho precisa, primeiro, acreditar no que está fazendo, ou seja, ter convicção. Como fazê-los acreditar qual o melhor caminho se o próprio catequista não tem a convicção de qual realmente é? Como fazê-los crer num Jesus Cristo e na sua doutrina se não somos convincentes?
Precisamos de loucura na catequese do tipo “aula de cursinho pré-vestibular”, onde os professores dançam, cantam e se esborracham para atrair a atenção. Depois disso, ensinam com a maior facilidade os conteúdos e conseguem fisgar o respeito e a admiração de todos.
Eles, jovens e crianças, precisam num primeiro momento gostar de você para que depois, gostem daquilo que vocês ensinam.
Clareza na comunicação
Precisamos de catequistas que saibam se expressar. Isso não quer dizer que tenham que ser as pessoas mais cultas do mundo, nada disso. Mas, precisam ser entendidos na mensagem que estão passando. Para isso, é preciso falar com voz alta, clara, forte, entendível. Você consegue prestar atenção numa palestra, ou numa cerimônia onde o palestrante ou mesmo o celebrante, fala baixo ou não se expressa de maneira clara? Eu não consigo.
Pois é, com os jovens também acontece isso. Se você não consegue se expressar e tem dificuldade na comunicação, fala baixo, não se movimenta, não gesticula, isso é um problema. Jesus, os apóstolos e outros tantos discípulos eram, antes de qualquer coisa, grandes oradores. Falavam com imponência, se expressavam para que fossem entendidos.
Você não precisa ser o melhor orador do mundo. Mas também, não precisa ser motivo de piada perante a turma. Se não consegue dominar e atrair o grupo para o que você diz, tenha humildade para pedir ajuda e tente melhorar a sua comunicação e seus métodos.
Atentos as novas tecnologias
Catequistas precisam ser articulados e sintonizados com o que acontece no mundo e sabedores da utilização das novas tecnologias e os novos desafios da evangelização. É preciso saber usar a internet, o messenger, o telefone celular, sites, vídeos e se utilizar destas ferramentas para a catequese também. Os jovens utilizam estes recursos com tanta naturalidade para outras coisas.
Se a sua comunidade é pobre, carente, tem dificuldades financeiras e não possui ferramentas como as que eu citei anteriormente, então, descubra onde é o correio e a faça-os escrever cartas, à mão mesmo.
Use recursos de comunicação, os que são acessíveis a você e a sua realidade. Estimule-os à comunicação entre si, seja de que forma for.
É melhor se inteirar do mundo deles ao invés de ficar a toda hora condenando esta modernidade consumista em que estão metidos. Se o catequista não consegue concorrer de forma leal com esta realidade que o mundo apresenta, junte-se a ela e tente fazer deste limão uma limonada. Atualize-se e descubra como evangelizar utilizando a internet, passe e-mails, crie um blog da turma, entre num orkut, mexa-se, faça alguma ao invés de só lamentar as mudanças do mundo.
Chega de “coitadismo”
Este“coitadismo” que é de praxe em boa parte dos catequistas e que contamina a nossa catequese já encheu o saco. É hora de darmos um basta nesta avalanche de reclamações contra tudo e criarmos vergonha na cara: precisamos ser melhores como catequistas e fazer da catequese um momento de alegria, satisfação, de encontro, de amizades, de sorrisos, de lições para a vida e não uma tortura semanal ou quinzenal.
Fazer da catequese uma “loucura” é começar mostrando a capacidade que temos de acompanhar a evolução tecnológica sem tirar os pés do chão. Um catequista que vive se lamentando acaba anulando o que tem de melhor em si que é a sua disponibilidade e o seu voluntariado. Com isso, anula também a sua mensagem, que chega truncada nos ouvidos dos receptores.
Temos o desafio de fazer da catequese um instrumento valioso de transformação do mundo e isso depende de nós catequistas. Não nos acomodemos, nem tudo está perdido!
Mas por favor, basta de lamentações.
Comecemos a entender que esta mudança deve iniciar por nós mesmos. Nós é que precisamos melhorar, evoluir e se adequar a uma nova realidade. O mundo não irá retroceder.
Graande Júnior! Corretíssimo. Esse é o segredo para catequizar e arrebanhar o jovem. Eu sou um catequista "imprevisível". Ora encho a sala de velas pra falar sobre oração, ora saimos da sala e vamos para uma praça falar sobre como Jesus evangelizava. Às vezes levo projetor (um bem velho mas funcional) e apresento trechos de filmes trazendo a Bíblia ao nosso contemporãneo. Resultado: turma especial de Crisma com cinco catequizandos, três querem ser catequistas.
ResponderExcluirÉ por aí!