A semente que um catequista planta pode não dar frutos amanhã, mas, se bem plantada, dará frutos algum dia.
Em 1990, tive uma turma de crisma daquelas inesquecíveis. Os Jovens eram empolgados, inteligentes, com opinião sobre as coisas e se mostravam dispostos a receber uma mensagem diferente. Existem turmas que são assim e naquele ano eu senti que estava com a “faca e o queijo na mão”, tinha tudo para dar certo.
No auge da minha empolgação como catequista aproveitei o clima e fiz daquela turma uma das melhores que já tive nos meus 20 anos atuando na catequese.
Daquele grupo de alunos surgiu um Grupo de Jovens que existe até hoje e deste grupo, surgiram também inúmeras lideranças que atuam em diversos serviços e pastorais da igreja. Naquela turma de 1990 eu tinha uma catequisanda sensacional. Ela era cheia de vida e estava sempre interessada em ajudar nas tarefas propostas.
Seus pais não eram assíduos freqüentadores da igreja e das missas, aliás, como a maioria dos pais. Por isso, nas festas do Grupo de Jovens que ela ingressou durante o ano, obrigávamos todos os componentes a levarem os seus pais. Muitas sementes que plantei nestes jovens naquela turma de 1990 deram frutos imediatos.
A semente que eles plantaram rendeu diversos frutos mais tarde. Esta minha aluna virou coordenadora do Grupo de Jovens, catequista e é uma participante ativa nos serviços da comunidade até os dias de hoje.
A semente plantada por ela deu frutos na sua própria família. A mãe desta menina começou a participar da comunidade e também hoje, é uma pessoa atuante e disposta, tendo inclusive coordenado serviços importantes dentro da Paróquia. A semente desta mãe também começou a dar frutos e, adivinhem aonde?
Na minha casa. Recuperando a trajetória da semente: plantei na minha turma de catequese e o fruto, foi uma aluna. Esta aluna plantou e o fruto foi a sua própria mãe. A mãe dela plantou outras sementes e um dos frutos, foi a minha mãe.
A minha mãe embora católica praticante se recusava a trabalhar pela comunidade de forma mais efetiva em algum serviço ou pastoral, ou por cansaço, ou por vergonha ou simplesmente pela falta de insistência. Pelas mãos de Deus, a mãe desta minha aluna convidou a minha para participar de um trabalho voluntário na comunidade.
Fiquei surpreso ao saber um dia que a minha mãe estava lá no Clube de mães da Paróquia e tinha levado junto uma amiga e numa sala pequena com outras tantas senhoras, faziam costuras em roupas que depois, seriam doadas para famílias carentes. Foi um dos grandes momentos da minha vida como leigo.
A semente que foi plantada naqueles encontros de catequese em 1990 está dando frutos até hoje, 16 anos depois, e o resultado disso foi parar na minha própria casa. Por isso eu insisto que ser catequista não é simplesmente para quem não tem o que fazer, mas sim, para quem fazer algo diferente e bem feito.
Não tratemos a catequese com desdém, como algo supérfluo, mas sim com o devido respeito que ela merece. Se ela for bem planejada, executada e constantemente monitorada os frutos aparecem, basta que não tenhamos pressa.
(História de um catequista que sonha)
ALBERTO MENEGUZZI E FAZ PARTE DO LIVRO PAIXÃO DE ANUNCIAR, ED. PAULINAS
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