30 março 2011

O HOMEM DAS DORES E AS DORES DOS HOMENS


A quaresma continua e convida-nos a olhar mais para o homem das dores, que não poupou sofrimento a fim de resgatar para nós a filiação divina e refazer nossa aliança com o pai. Neste tempo, a igreja nos põe diante da cruz, propõe-nos penitência e oração, pedindo que nos associemos ao sacrifício de Jesus. Nos momentos cruéis da paixão, Jesus se sentiu só, abandonado por amigos que convocou como parceiros da redenção: Vocês não puderam vigiar sequer uma hora amigos? (Mt 26, 40) e até pelo Pai, na hora extrema da morte: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Até hoje, ele necessita de pessoas que sejam solidários com sua dor, de cristãos agradecidos pelo amor infinito com que foram amados.
Mas como o cristão pode manifestar, com suas limitações, seu reconhecimento ao homem das dores? Assumindo as dores dos homens, tanto dos que apelam sua solidariedade como dos que se mantêm a distância, porque perderam a fé em Deus e a confiança no irmão. São muitos os carentes de afeto, teto e comida, de saúde, instrução e segurança, numa sociedade de muitas injustiças e perversa violência. Somente quando os que contemplaram a cruz de Jesus se tornam “Cireneus” para os irmãos é que se fecha o círculo da salvação. Não adianta comover-se nem chorar porque o homem das dores morreu se a humanidade sofredora não descer de suas cruzes ajudada pela doação, gratuidade e serviço dos que renovaram sua fé com a prática dos exercícios quaresmais e dos que aprenderam que o amor a Deus passa pelo amor ao irmão.

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